23/02/2005 - 10:00
Dândi até debaixo d’água com seus ternos de herdeiro de latifúndio impecavelmente cortados e a gola alta da camisa trespassada por um reluzente alfinete, Tom Wolfe é associado ao novo jornalismo praticado nos incríveis Estados Unidos da década de 1960. Afogados em meio a assassinatos de figuras públicas, guerra do Vietnã e a gritaria da geração “sexo, drogas e rock’n’roll”, nomes como os de Wolfe, Gay Talese, Norman Mailer, Truman Capote, Hunter S. Thompson, Gore Vidal e Terry Southern, autor da idéia original do filme Sem destino – Easy rider, tomaram a América das mãos dos romancistas e literalmente a redescobriram.
Radical chique e o novo jornalismo (Companhia das Letras, 248 págs., R$ 39) traz dois textos de 1965, sobre beldades de capas de revista e um caipira corredor de stock-car, o famoso artigo Radical chique de 1970, descrevendo o jantar oferecido pelo maestro Leonard Bernstein a um grupo de Panteras Negras, além do prefácio e quatro textos de Wolfe para a coletânea The new journalism, de 1972. A cereja do bolo são estes últimos. Ao tecer considerações sobre seus pares, o autor mostra a quintessência do gênero. Poucos se dão conta de que Wolfe escreveu apenas três romances, A fogueira das vaidades, Um homem por inteiro e o recente I am Charlotte Simmons, ainda inédito no Brasil. Isso se explica pela densidade nada empolada de seus artigos. Cada um deles vale por um livrinho.