O filósofo Sócrates, os imperadores Nero e Alexandre, o empresário David Geffen, os galãs hollywoodianos Rock Hudson e Tyrone Power, o onipresente Leonardo Da Vinci. Cada um desses nomes é um exemplo de indivíduo que se destacou de seus pares graças a características exclusivas. Mas que comungam entre si a homossexualidade, zona cinzenta do comportamento humano aceita, mas não perdoada – ou ao contrário, conforme o caso. A constatação do prejuízo provocado pela perpetuação de clichês ignorantes e pela intolerância pura e simples levou o jornalista Humberto Rodrigues a escrever O amor entre iguais (Editora Mythos, 236 págs., R$ 30), um levantamento da situação do homossexualismo sob todos os aspectos e sem frescuras.

Dos guerreiros da Antiguidade, que descansavam das batalhas nos braços
de outros homens, aos travestis atacados pela polícia em 1969, em frente
ao bar nova-iorquino Stonewall, marco do movimento gay, o foco de Rodrigues
sobre o homoerotismo deixa de lado a hipocrisia e as convenções historicamente utilitárias. Com uma linguagem simples e direta, ele analisa o “amor que não
ousa dizer seu nome”, recorrendo a exemplos históricos (o conceito de amizade entre os gregos), míticos (o que significa sodomia e safismo?), sociais (como
era a sexualidade nos primórdios do Brasil?) e legais (o que é união civil?). O pote de ouro no fim do arco-íris pode ser uma imagem para vaticinar dias de compreensão. Mas o autor reconhece que o S da sigla GLS (gays, lésbicas e simpatizantes) continua equivalendo a um reticente “sei…”, acompanhado do erguer de sobrancelhas e muito preconceito.