Extrovertido como os personagens que encarna, o astro americano Will Smith se divertiu bastante em sua estada no Rio de Janeiro. Exibindo um par de brinquinhos de brilhante que contrasta com seu estilo informal, o ator pulou a cerca para sair na Grande Rio durante o desfile das escolas de samba campeãs, jogou golfe e foi à praia. “Vi a garota de Ipanema e suspirei ahhhhh”, brincou, na entrevista para divulgar a comédia romântica Hitch – conselheiro amoroso (Hitch, Estados Unidos, 2005), em cartaz nacional, da qual é também produtor. Sua personalidade encanta os colegas de trabalho. Segundo o diretor, Andy Tennant, Smith é filho de militar e aprendeu com o pai que basta um general. “Ele me disse: você é o general, o diretor, e eu sou o ator. É sempre bem-humorado e adora trabalhar”, elogiou.

No filme, Smith faz o papel de um conselheiro sentimental nova-iorquino que escolheu a atividade depois de sofrer uma grande decepção amorosa. Produz verdadeiros milagres com suas técnicas e, ao mesmo tempo, tenta conquistar uma jornalista dura na queda, Sara Melas, interpretada pela bela atriz cubano-americana Eva Mendes. “Ele tem um coração enorme e vive divertindo todo mundo”, derrete-se Eva. O filme, como descreve o diretor, “é pura diversão, leve e sem mensagens”.

Will Smith nasceu na Filadélfia, é casado há sete anos com Jada Pinkett Smith, com quem tem três filhos e divide a recente atividade de produtor. Apesar das dificuldades para se estabelecer como ator negro, aos 36 anos figura no privilegiado patamar dos que ganham US$ 20 milhões por filme. Após a nova estréia, o astro pretende fazer uma pausa na tela grande. Em abril lança um novo álbum de rap, gênero que já lhe trouxe um disco de platina. Mas por enquanto ele é Hitch. Dos pés à cabeça.

ISTOÉ – O sr. se identifica com Hitch, usa táticas semelhantes?
Will Smith –
Eu e minha mulher ficamos alguns anos estudando relacionamentos. Hitch teve uma grande decepção amorosa e decidiu não passar de novo por isso. A solução que achou foi conhecer tudo sobre a personalidade feminina, o que se parece com a minha experiência. Portanto, eu sou Hitch. Mas o meu estilo é baseado nos contrastes. Gosto de ser engraçado, de divertir e discutir qualquer assunto, de citar letras de rap e, ao mesmo tempo, um filósofo como Nietzsche. Começo pela comédia. Se conseguir fazer uma mulher rir, não será difícil conquistá-la.

ISTOÉ – Assim como seu personagem, o sr. acha que três encontros são suficientes para desvendar a alma de uma mulher?
Smith –
Teoricamente, na maioria dos casos, não. Isso porque os homens
não são muito atentos. Mas, para as mulheres conhecerem o homem, é mais
do que o suficiente.

ISTOÉ – Hitch não traz nenhum vestígio de racismo. Alguma vez o sr. foi vítima de preconceito racial?
Smith –
A América é racista. Temos que ralar dez vezes mais que os atores brancos para fazer sucesso em Hollywood. Mas quando chegamos lá fica fácil,
porque há poucos atores negros no mercado, como Denzel Washington
e Jamie Foxx. A concorrência entre
louros de olhos azuis é muito maior.

ISTOÉ – O sr. se consagrou em filmes de ação como Independence day e Homens de preto. Hitch é uma mudança de rota?
Smith –
É preciso uma grande forma física para fazer filmes de ação. É um tal de pular, correr, cenas que só aparecem uma vez no filme, mas que precisam ser repetidas 20 ou 30 vezes. Não sei quanto tempo meu corpo vai aguentar esse tipo de punição. Acho difícil passar dos 40 no gênero. Fazer Hitch foi bem mais fácil, mas não foi uma mudança de rota.

ISTOÉ – Houve uma mudança no seu trabalho agora que o sr. produz seus próprios filmes e tem uma companhia para direcionar sua carreira?
Smith –
Isso sim foi uma mudança de rota, no sentido de poder contar com
uma completa infra-estrutura para desenvolver uma idéia, um script, produzir
o filme e tudo o que tenho possibilidade de fazer com a empresa. Agora posso
criar e desenvolver o tipo de filme que quero fazer. O que me interessa é trabalhar com o melhor conteúdo. Como produtor, meu objetivo é fazer o ator Will Smith provocar muita risada.

ISTOÉ – Tendo uma carreira paralela de rapper, o que o sr. acha da violência veiculada nas letras do gênero?
Smith –
Há uma cultura de rap no jeito que se anda, se fala, na ginga dos rappers.
O gênero musical é um reflexo da vida urbana. Se os grandes centros urbanos são violentos, o rap também é, como um espelho.

ISTOÉ – O sr. votou em George W. Bush? O que espera de seu segundo mandato?
Smith –

Não, não votei nele. Explico o que penso do presidente comparando com os relacionamentos. Se minha mulher não me disser a verdade, não ficaremos bem e o mesmo acontece se eu não disser a verdade a ela. Para mim é muito claro que George Bush não diz a verdade. Espero pelo pior nesse segundo mandato, mas tenho orgulho de ser americano e rezo para que tudo saia bem.