Cinco urnas eletrônicas de votação e equipamentos para a montagem de outras 80, encontrados em Brasília nesta semana, levantaram suspeitas sobre a lisura das eleições na capital do País. A Justiça Eleitoral desconfia que o governador Joaquim Roriz (PMDB), candidato à reeleição, o ex-senador José Roberto Arruda (PFL), candidato à Câmara dos Deputados, Paulo Otávio (PFL) e Jofran Frejat (PPB), candidatos ao Senado, e o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, podem estar sendo beneficiados por um esquema de direcionamento dos votos. As urnas com os nomes da coligação de Roriz estavam sendo utilizadas para ensinar eleitores da periferia a votar. “O fato de o cartaz com os nomes estar aí é indício de que as pessoas participaram”, afirmou o procurador regional eleitoral no Distrito Federal, Antônio Carneiro, ressaltando que ainda não existem provas de envolvimento dos políticos.

As urnas foram encontradas com pessoas que se dizem integrantes da ONG chamada Força Azul, cor que identifica Roriz. Mas nenhum dos acusados soube dizer onde funciona a organização, nem quem são seus dirigentes. André Luiz Silva de Moura, preso na cidade de São Sebastião com duas urnas, contou uma estranha história. Ele afirma que os equipamentos lhe foram entregues por um homem desconhecido, no centro de Brasília. A escolha da cidade onde fazia o adestramento eleitoral teria sido aleatória. “A tarefa de treinar o eleitor é da Justiça, e a existência das urnas é indício de crime eleitoral”, afirma Carneiro. A extensão desse crime pode ser ainda maior. Fiscais do Ibama encontraram, escondidas no Parque Nacional, peças suficientes para montar outras 80 urnas.