09/10/2002 - 10:00
No dia de seu casamento, Sarah Michelle Gellar, a estrela de Scooby-doo e do seriado Buffy, a caça-vampiros, subiu ao altar calçando chinelos brancos de borracha (estilo Havaianas). Ao vê-la entrar, não mais se falou de seu vestido ou penteado nem na elegância do noivo, o também ator Freddie Prinze Jr. O bendito acessório havia definitivamente roubado a cena. Febre nos Estados Unidos e na Europa, as populares sandálias de dedo são a mais recente fonte de lucro do empresário britânico Peter Simon, dono da Accessorize. Com mais de 100 pontos-de-venda na Inglaterra e outros 35 mundo afora, a rede fatura US$ 250 milhões por ano vendendo miudezas fashion como chapéus, bolsas e brincos. No último verão, só de chinelos com miçangas e fru-frus, vendeu 500 mil pares. Por R$ 65 cada. Este mês, as brasileiras poderão conferir os produtos com a inauguração, no Shopping Iguatemi, em São Paulo, da primeira filial na América do Sul.
Embora não seja estilista nem galã de renome, Simon parece ter a chave do cofre das mulheres. Ex-hippie e ex-vendedor de roupas na feira de Portobello, ele teve a idéia de criar uma rede que só vendesse acessórios ao ver que esses eram os itens mais populares das coleções. Numa época em que a moda parece nostálgica e monótona, propõe que cada cliente crie seu próprio estilo. E assim vende de prendedores de cabelo, a R$ 5, a carteiras cobertas de lantejoulas (R$ 18 a R$ 35) e bolsas bordadas (R$ 25 a R$ 250). O design rebuscado, repleto de referências ao Oriente e à cultura hippie, agrada de adolescentes a mulheres com mais de 30. “Em tempos de recessão, os homens param de consumir, mas elas não abandonam os penduricalhos”, atesta Simon.
Uma visita ao Brasil, em abril deste ano, deu ao empresário a certeza de que aqui existe um público a ser explorado. “A forma como as brasileiras misturam cores e objetos é peculiar”, afirma. “Enquanto em Londres só se usa preto, as mulheres daqui parecem saber que a sua pele bronzeada exige algo mais alegre.”
Se na Inglaterra o forte da grife são chapéus, guarda-chuvas e meias-calças, aqui a vocação deve ser a moda praia. Cangas de algodão e de seda (R$ 30 a R$ 100) devem ser combinadas com Havaianas fashion (a partir de R$ 23) e bolsas de inspiração tropical com estampas de coqueiros. A empresária paulistana Ana Carolina Alves, representante da marca no País, planeja desenvolver peças com matérias-primas nacionais, mas só após abrir a segunda loja da rede, em julho. Amante de artes plásticas e um dos patrocinadores da Tate Modern Gallery, de Londres, Simon avisa que talvez crie uma linha a partir das telas multicoloridas de Beatriz Milhazes. Na sede da empresa, as paredes são tomadas por obras de artistas contemporâneos, como Beatriz e os também brasileiros Ernesto Neto, Adriana Varejão, Vik Muniz e Thiago Carneiro.