02/06/2004 - 10:00
Criatividade e bons ingredientes. Da mesma maneira que na culinária, os drinques precisam desses dois elementos para agradar. E barman que se preze sabe ousar, misturar produtos e oferecer sabores inusitados a cada temporada. Os resultados muitas vezes surpreendem. Dois dos mais premiados profissionais do ramo de São Paulo têm apostado em símbolos nacionais para incrementar suas invenções. Um deles é o mestre Abelardo Lima da Silva, 60 anos, conhecido como Chiquinho. “Ganhei o apelido há 32 anos de um gerente. Eu era elétrico, magrinho e ele dizia que parecia um macaquinho. Daí veio o Chiquinho”, conta. Ele oferece um drinque com sabor de banana aos fregueses do restaurante Don Curro. Já o outro mestre, Derivan Ferreira, 46 anos, investe na combinação café com cachaça para criar uma atmosfera patriótica. “São as duas principais bebidas do Brasil, as mais consumidas, exportadas e que fazem parte de nossa história”, diz ele, chefe do Tanoeiro Bar.
O segredo dos drinques Coquetel Musa e Pingo de Banana, assinados por Chiquinho, é a aguardente de banana Musa, lançada há quatro anos em Itajubá,
no sul de Minas. “Não é legal misturar banana de verdade com álcool. A fruta fica preta e ácida. Por isso é difícil imaginar um drinque com esse sabor”, conta Chiquinho. “Mas o destilado de banana nos permite conseguir um drinque sem
pôr a fruta”, diz. Dirigida por Antônio Carlos Ferreira, a produção da bebida
alcança 30 mil garrafas por ano e já chegou a revendedores na Alemanha, na
Itália e no Japão. No Brasil, tem se espalhado por diversos Estados, na versão
Prata, jovem, e na versão Ouro, maturada por pelo menos seis meses. No balcão comandado por Chiquinho, a receita do Coquetel Musa – uma combinação dos sabores cítricos de abacaxi, pêssego, banana e romã – e a do Pingo de Banana – à base de aguardente de banana, vermute, licor 43 e angostura – chamam a atenção pela coloração avermelhada.
Já o café com cachaça promete ser a sensação do Fest Cachaça 2004, evento que, em julho, reunirá 51 pequenos produtores de aguardente no recém-inaugurado Pompéia Rural Center, em São Paulo, para três dias de exposição, intercâmbio comercial e palestras. “Vamos servir frappé de café com cachaça aos visitantes. Além dos dois ingredientes, a bebida leva suco de laranja, mais um famoso produto brasileiro”, conta Derivan, criador da iguaria e parceiro na realização do evento. Além do frappé, que pode ser feito com o café de coador que sobrou na garrafa térmica, Derivan mantém em seu portfólio uma dezena de outros coquetéis,
gelados ou quentes, feitos com os dois ingredientes. “O brasileiro está aprendendo a apreciar cafés especiais ao mesmo tempo que a cachaça conquista novos consumidores. A cachaça pode tanto substituir o conhaque ou o licor em drinques quentes quanto compor com café belos drinques coloridos e gelados”, elogia ele. Isso é que é patriotismo!