Nada melhor que chegar aos 30 anos cheia de fãs, coberta de prestígio e com uma conta milionária. E ainda ganhar uma jóia de platina e diamantes. É assim que Hello Kitty comemorará seu aniversário este ano. Criada despretensiosamente, a personagem de lacinho vermelho na cabeça era apenas mais um dos produtos da empresa japonesa Sanrio, que produzia
presentes para ocasiões especiais. Até encantar “meninas” de todas as idades.
A febre ficou ainda mais evidente nas últimas semanas, quando o McDonald’s decidiu dar de brinde bonequinhas da gatinha a quem consumisse o McLanche Feliz. A campanha, que deveria durar até o final de junho, acabará muito mais cedo por falta de estoque. “As vendas aumentaram 400%. Em seis dias, vendemos 1,2 milhão de McLanche Feliz, 60% deles para o público feminino. A Hello Kitty transcende o público de três a 11 anos desse produto”, contabiliza Roberto Gnypek, gerente de marketing da empresa.

No Japão, a joalheira Tanaka Kikinzoku, de Tóquio, não perdeu a oportunidade de celebrar e, claro, faturar. Ofereceu aos fãs abonados uma edição limitada de 30 peças em platina da Hello Kitty. Com 131 diamantes e apenas três centímetros, cada mimo foi vendido por US$ 28,4 mil (R$ 90,3 mil). Até o estilista Alexandre Herchcovitch cedeu aos encantos da personagem. Estampou com ela várias peças de sua coleção de inverno, apresentada no último Fashion Week, no começo do ano em São Paulo. “Mantenho 11 itens, entre bolsas e roupas, na minha coleção. Também tenho vários objetos da Hello Kitty. Não há como entrar numa loja e não se encantar com alguma coisa”, diz Herchcovitch. Não foi à toa que o festejado estilista colocou a gatinha na passarela. Uma pesquisa realizada pela empresa japonesa confirmou o fascínio de Hello Kitty sobre mulheres de seis a 49 anos nos 40 países em que está presente. Hoje, ela movimenta US$ 500 milhões por ano e está em dez mil produtos, de chaveirinhos a bicicletas.

Prova de que a gatinha não atrai só crianças
e adolescentes é que na casa da paulista Lelê, 38 anos, mulher e braço direito do estilista Jum Nakao, é difícil encontrar um canto sem um produto Hello Kitty. “Minha adoração pela personagem começou em 1997, quando ganhei um porta-celular de uma amiga. Comecei a colecionar.

Fico louca atrás dos objetos. Tenho torradeira, televisão, bebedouro, ventilador e dez tatuagens dela no meu corpo”,
conta Lelê. Ela tem até um vibrador, que mexe as orelhinhas.
O apetrecho erótico, segundo a Sanrio, é pirateado
e foge totalmente da linha de pureza construída para os produtos da empresa.

A Sanrio, que chegou ao País há três anos e mantém 23 lojas e quiosques em vários Estados, dedicará todo o ano a homenagear a felina balzaquiana. Programou uma grande campanha de lançamentos com as empresas licenciadas, que culminará com uma festa em Los Angeles (EUA), em novembro. Uma festa da qual a supervisora de relações artísticas da MTV, Alê Briganti, 32 anos, adoraria participar. Seu amor pela gatinha vem da infância. “Quando tinha nove anos, trocava papel de carta e adesivos. Depois, em 1994, estava lendo um fanzine e vi uma Hello Kitty punk. Me apaixonei de novo”, conta. Hoje, ela divide a preferência com a filha de pouco mais de dois anos, Rebecca. “Não a incentivo a ter a mesma paixão. Deixo-a à vontade e chego até a esconder dela os meus tesouros”, confessa