A classe médica vai à luta. Até a semana passada, médicos de 12 Estados haviam suspendido o atendimento às seguradoras e planos de saúde. O protesto consiste na recusa em usar o sistema de cartão ou guias de autorização dados pelas empresas. Os profissionais fazem a consulta desde que o paciente pague R$ 42, com direito a recibo para reembolso. As companhias mais atingidas pela paralisação são Sul América, Bradesco e Golden Cross. Os médicos reivindicam a adoção de uma nova lista de procedimentos a serem pagos e a fixação de um valor de referência de R$ 42 para a consulta – hoje pagam-se em média R$ 24. “É importante aprovar a implantação da nova lista de procedimentos para melhorar a prática médica”, diz Eleuses Paiva, presidente da Associação Médica Brasileira.

A mobilização é diferente em cada Estado. Minas Gerais, por exemplo, aderiu ao protesto na semana passada. No ABC paulista, começou no dia 10 de maio. “Paramos de atender 18 planos de saúde que remuneram a consulta entre R$ 8 e R$ 21”, conta o psiquiatra Romildo Gerbelli, presidente do Movimento Médico do Grande ABC. Em Salvador, a suspensão já dura 75 dias. Na quinta-feira 3, os médicos farão uma assembléia nacional para avaliar o movimento. Não houve negociação entre as partes até a quinta-feira 27. “Os valores sugeridos estão além das possibilidades”, diz Arlindo de Almeida, presidente da Associação Brasileira de Medicina de Grupo. A Federação Nacional de Seguradoras avisa que pode incorporar a lista de procedimentos, só que com reajustes menores. Nos últimos sete anos, os planos aumentaram as mensalidades em 248%, segundo o Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas (Dieese). No meio da confusão, estão os segurados. Para Lúcia Magalhães, diretora assistente do Procon de São Paulo, se o médico não atender por causa da paralisação, o paciente deve pegar o recibo e procurar o órgão de defesa do consumidor para ser ressarcido. “Mesmo os convênios que não têm política de reembolso serão obrigados a pagar”, afirma.