02/06/2004 - 10:00
Nem mesmo as denúncias envolvendo um amigo e um assessor palaciano conseguiram tirar o ar zen do presidente Lula na China. Perguntado na quinta-feira 27, em Xangai, se estava acompanhando os escândalos envolvendo a Organização Não-Governamental Ágora, dirigida pelo empresário Mauro Dutra, e que teve como diretor Swendenberger Barbosa, atual secretário-executivo do ministro José Dirceu (Casa Civil), Lula foi seco. “Eu não acompanhei isso. Temos ministros e o vice-presidente que estão lá para resolver”, acrescentando que o caso tem de ser investigado corretamente.
A ONG foi acusada de usar empresas fantasmas e notas frias na prestação de contas de verbas públicas. Na terça-feira 25, o Ministério Público do Distrito Federal entrou na Justiça em duas frentes: inicialmente pediu que o empresário Mauro Dutra reembolse R$ 887 mil aos cofres públicos. Depois, pediu a dissolução da ONG, alegando incapacidade administrativa para gerir recursos públicos. De acordo com os promotores Lenilson Morgado e Thiago de Ávila, autores da denúncia, o dinheiro teria sido desviado do Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT – através das notas frias. A direção da ONG negou e garantiu em uma nota que os recursos foram utilizados corretamente.
O ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, também anunciou a abertura de uma sindicância para passar um pente-fino em todos os convênios da Ágora desde a gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso. A ONG também é alvo de investigação no Tribunal de Contas da União.