02/06/2004 - 10:00
Pouco a pouco, o cerco se fecha em torno do deputado estadual Donisete Braga (PT), que não consegue explicar o que estava fazendo entre o fim de uma reunião no Palácio dos Bandeirantes, no dia 19 de janeiro de 2002, e o jantar que varou a madrugada, com o vice-prefeito Mário Chaves e os deputados professor Luizinho e Vanderley Siraque no restaurante Baby Beef em Santo André. A polícia abriu inquérito oficialmente na quinta-feira 27 para apurar qual o seu envolvimento na morte do prefeito Celso Daniel. O Palácio não sabe precisar se o deputado participou do evento e quanto tempo ele teria ficado lá. O Ministério Público descobriu que Donisete disparou várias ligações, no dia 19 de janeiro – data em que o prefeito Celso Daniel estava desaparecido –, para o empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, e também Ronan Maria Pinto, envolvido no esquema de corrupção de Santo André. Sombra está preso. Foi acusado de se beneficiar do esquema de corrupção e de mandar matar o prefeito.
“Os indícios são fortes e agora só nos resta descobrir a verdade, seja ela qual
for”, disparou o delegado Hércules Crespi Filho, de Taboão da Serra (SP). O deputado será chamado a depor. Braga admite não ter álibi, mas se diz inocente. Chegou a ganhar uma sessão de desagravo da Assembléia de São Paulo, com o apoio até de parlamentares da oposição. O seu suposto envolvimento é mais um fato novo que aparece na misteriosa morte de Daniel, que, segundo versão do MP, teria sido morto porque tentou acabar com um esquema de propina e corrupção dentro da prefeitura. Segundo o Ministério Público, que quebrou o sigilo telefônico de Sombra, os laudos da operadora de telefonia celular Vivo reforçam as suspeitas. Antenas instaladas nas proximidades de Juquitiba, onde o corpo do prefeito foi encontrado, captaram ligações feitas no período em que Daniel estava sequestrado. Mais de dez ligações foram registradas no dia 19 de janeiro, entre 22h18 e 23h41. Braga diz que estava, naquele horário, “em uma reunião no Palácio dos Bandeirantes”. Outro indício contra ele refere-se a um depósito de R$ 12 mil vindo de Sérgio Gomes da Silva, que o deputado diz ser um empréstimo. Insatisfeita com o andamento das investigações, a família de Celso Daniel contratou o advogado Ricardo Tosto para acompanhar o caso.