02/06/2004 - 10:00
Espionagem americana
Na China, o momento de maior irritação do presidente Lula foi na questão nuclear. Isso todos notaram. Mas o que pouca gente sabe é o porquê da história. Lula ficou tiririca com a reação americana contra o acordo do Brasil com a China. E não foi à toa. Circula pelas paredes do Palácio do Planalto que a turma de George W. Bush anda se metendo demais nas nossas questões internas.
O acerto do DEA (Departamento de combate às Drogas dos EUA) com a Polícia Federal brasileira, por exemplo, se tornou um problemão para o governo. A suspeita é de que o DEA, a pedido da CIA (a Agência Central de Inteligência dos gringos), fez grampos até na Esplanada dos Ministérios. Os arapongas estrangeiros foram pegos tentando obter gravações da área de energia para beneficiar uma empresa deles que deu o calote por aqui durante o processo de privatização. Ao chegar ao Brasil, Lula quer colocar um ponto final nessa relação entre o DEA e a Polícia Federal. Acha que foi mais uma das “heranças malditas” do governo anterior.
A nova guerra
José Dirceu (foto) e Aldo Rebelo andam numa guerra
tão grande que os aliados de Rebelo temem até por sua demissão. Para os amigos de José Dirceu, o teste final
será a votação do salário mínimo. Se o governo perder no Congresso, Aldo Rebelo está fora.
Luz vermelha no PFL
A guerra entre os peemedebistas Renan Calheiros e José Sarney começa a contaminar o PFL. O presidente do partido, Jorge Bornhausen, está de orelha
em pé para a aliança entre seu correligionário, Antônio Carlos Magalhães,
e Sarney. Jorge Bornhausen já anda até trocando figurinhas com Calheiros.
Como influem as empreiteiras
O projeto da Transparência Brasil (www.asclaras.org.br), baseado na Justiça Eleitoral, levantou os financiamentos eleitorais de cinco empreiteiras – Odebrecht, OAS, CBPO, Wega e Camargo Corrêa. Elas contribuíram com a parcela principal dos políticos eleitos com poder de influência na Comissão Especial que examinou o projeto de PPPs na Câmara dos Deputados.
O poderoso Renan
Renan Calheiros não treme com as ameaças de José Sarney lançar candidaturas alternativas. Nem Tasso Jereissati nem Roseana Sarney! Para Renan, na hora “H” o governo não terá outra opção que não seja apostar todas as fichas em seu nome. E Sarney terá que aceitar o fato consumado.
Rápidas
• Lula marcou para a próxima sexta-feira uma reunião ministerial. Jura que agora vai arrumar a casa, doa a quem doer. E que os ministros que andam se desentendendo publicamente deixarão o governo.
• O presidente do Senado, José Sarney, tem contado a seus aliados que não pretende deixar vestígios de sua vingança contra Renan Calheiros. Mas vai barrar de qualquer jeito a eleição do líder do PMDB para seu sucessor. Sem vestígios..
• “Ninguém sabe que o Fernando Henrique Cardoso sonhou um dia em suceder o Roberto Marinho na Academia Brasileira de Letras. E ninguém sabe também que fui eu quem inventou a candidatura de Marco Maciel”, disse Sarney a alguns amigos.
• José Sarney quer colocar logo em votação o requerimento que suspende a indicação do senador Luís Otávio para ministro do TCU. Luís Otávio é acusado de desviar verbas públicas, e Sarney quer ver Renan defender o desgastado senador.
• Lula achou “uma boa idéia” a proposta do coordenador político do governo, Aldo Rebelo, de criar a figura de um deputado encarregado de fazer a ponte entre cada Ministério e os pedidos do Congresso