Fãs de jazz já têm um motivo a mais para refazer as contas de fim de ano com a chegada às lojas da coleção Original jazz series, que está sendo lançada pela gravadora BMG a partir do catálogo da Fantasy Records, especializada em discos de selos pequenos dos anos 50. São nada menos que 20 CDs (preço sugerido de R$ 35, cada) com as capas originais e devidamente remasterizados, contendo principalmente shows antológicos. Alguns deles trazem bônus, com faixas extras. De Bird at San Nick’s (Fantasy – 1950), exibindo o sax alto de Charlie Parker em uma apresentação de 1950, a Skol (Pablo – 1979), reunindo o piano de Oscar Peterson e o violino de Stephane Grapelli à guitarra de Joe Pass em um show realizado na Escandinávia, os lançamentos são de provocar irrefreáveis impulsos consumistas no colecionador.

A voz carismática do trompetista Chet Baker, por exemplo, pode ser ouvida, em gravações de estúdio, em It could happen to you – Chet Baker sings (Riverside, 1958) rivalizando com o charme emprestado pelo ítalo-americano Anthony Benedetto no precioso The Tony Bennett – Bill Evans album (Fantasy, 1975). O Baker músico está presente em Once upon a summertime (Galaxy – 1977) e o pianista Evans reaparece em Portrait in jazz (Riverside, 1959), na melhor fase de seu trio – com Scott Lafaro, baixo, e Paul Motian, bateria. Merece também destaque o vibrafonista Milt Jackson, que surge em várias fases de sua carreira. De Django (Prestige – 1953), trazendo a formação clássica do grupo que liderava, o Modern Jazz Quartet, ao inspirado dueto Bags meets Wes (Riverside – 1961), com o guitarrista Wes Montgomery, e de Bags groove Miles Davis (Prestige – 1954), com o prestigiado trompetista.

Davis se mostra em excelente forma, ao lado do baixista Charles Mingus, em Blue moods (Debut – 1955), no qual se encontra uma interpretação raríssima da ambígua Nature boy. Aliás, clássicos não faltam, como Jazz at Oberlin (Fantasy – 1953) revelando o Dave Brubeck Quartet muito antes do best seller Time out (1959). A coleção é ainda um prato cheio para os loucos pelo saxofone. Além de Charlie Parker, ouve-se no também sax alto Benny Carter, Jazz Giant (Contemporary – 1958), e Cannonball Adderley, In San Francisco (Riverside – 1959). No sax tenor, a nata, Sonny Rollins, Saxophone Colossus (Prestige – 1956), e John Coltrane, Lush life (Prestige – 1956). O barítono de Gerry Mulligan faz firulas em torno das excentricidades de Thelonius Monk em Mulligan meets Monk (Riverside – 1957). Não bastassem estes títulos imprescindíveis, o pacote traz os guitarristas Barney Kessel e Phil Hall, o contrabaixista Ron Carter e o baterista Max Roach em registros de tirar o fôlego.