Normalmente associada à elite, a música erudita no Brasil luta para perder o rótulo de exclusiva e chegar mais perto de todos. Com esta intenção, a promoter Alice Carta criou o Prêmio Carlos Gomes, agora em sua sétima edição e com abrangência nacional. Pela primeira vez, os premiados foram apontados por uma comissão julgadora – formada pelos jornalistas especializados J. J. de Moraes, João Luís Sampaio, Heloísa Fischer e Nelson Kunze e pelo maestro Henrique Morelenbaum –, que pôde
escolher entre as listas tríplices fornecidas por um colegiado composto
de 35 profissionais ligados à área. Para quebrar a formalidade da entrega dos prêmios, realizada na terça-feira 24, na belíssima Sala São Paulo,
os organizadores convidaram o jornalista Paulo Henrique Amorim, que
teve de usar todo o seu charme para enfrentar um telão que teimava
em não funcionar. Felizmente, ele foi ajudado pela Banda Sinfônica
do Estado de São Paulo, sob a regência de Abel Rocha, que recheou
os intervalos de vinhetas musicais.

Entre os premiados a nata da música erudita: melhor pianista, Nelson Freire; solista instrumental, o celista Antonio Meneses; grupo de câmara, Quarteto Amazônia; coral e conjunto vocal, Calíope; orquestra e conjunto instrumental, Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo; compositor, Edno Krieger; revelação, a mezzo soprano Adriana Clis; solista vocal masculino, o barítono Sandro Christopher; solista vocal feminino, a soprano Rosana Lamosa. A jornalista e pesquisadora de música erudita Neyde Thomas recebeu o Prêmio Universo da Ópera, pelo seu trabalho. O maestro e compositor Alceo Bocchino foi o grande homenageado com o Troféu Guarany, pelo conjunto da obra.

No decorrer da noite se apresentaram a soprano Céline Imbert, com uma ária da ópera Fosca, o violonista Edelton Gloeden e o pianista Marcelo Bratke, ambos com temas de Heitor Villa-Lobos. Os prêmios – uma escultura do artista Arcangelo Ianelli mais R$ 3 mil – foram entregues por personalidades, como o maestro Walter Lourenção; o secretário de Audiovisual do Ministério da Cultura, José Álvaro Moisés; o secretário de Cultura do Estado de São Paulo, Marcos Mendonça; a atriz Ruth Escobar; e o designer Gregório Kramer. Ao
final da noite, Alice Carta misturava alegria e tristeza. “Triste pela ausência de alguns dos laureados, mas satisfeita por saber que todos estão com as agendas lotadas, o que significa que meu trabalho deu certo”, garantiu com um sorriso.