Inclusão: a escola Tomé Gomes dos Santos, em Paramoti, no Ceará, é uma das 67 beneficiadas

Manari, em Pernambuco, é a cidade com o menor índice de desenvolvimento humano do Brasil, segundo o ranking elaborado pela ONU. Lá não existe água encanada, o açude vive vazio e a renda per capita média é de R$ 30 por mês. Apesar do cenário desolador, palavras como mouse, software e scanner já começam a fazer parte do repertório das crianças. Desde o ano passado, os alunos do ensino fundamental 2 da escola pública Maria Alzira de Oliveira Jorge usufruem de um laboratório de informática com dez computadores e curso de capacitação. A escola foi uma das escolhidas para participar do Projeto Telemar Educação, programa pioneiro lançado pelo Instituto Telemar Educação em parceria com a Escola do Futuro da Universidade de São Paulo, que tem contribuído para a inclusão digital em 67 escolas espalhadas pelos 16 Estados onde a empresa atua. Satisfeito com o sucesso da empreitada, o instituto acaba de lançar o Programa Jovem do Futuro Telemar, voltado para alunos do ensino médio que já passaram pela etapa anterior.

Desenvolvido pela KlickNet, especializada na utilização de novas tecnologias em projetos de educação –, o curso Suporte, Manutenção e Profissão permitirá que os estudantes de baixa renda das cidades com menor IDH do País fiquem mais próximos do primeiro emprego. “Nossa meta não é apenas ensinar a navegar ou usar o computador, mas contribuir para a formação a distância e para a capacitação de jovens para o mercado. As novas tecnologias entram como ferramentas”, diz a diretora da KlickNet, Patrícia Rousseaux. Uma parceria com a Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec) permitirá que os jovens recebam um diploma técnico em monitoria de laboratórios de informática. “A percepção de que a informática pode ser aliada nas políticas de formação a distância é, hoje, passo fundamental para o sucesso de um projeto educacional. O outro é vontade política”, considera Patrícia.

Além de ajudar na busca do primeiro emprego, o Programa Jovem do Futuro Telemar permitirá que os alunos cuidem das máquinas do próprio laboratório. “Nas cidades onde atuamos, normalmente não existe mão-de-obra qualificada para isso. A ajuda pode levar até um dia para chegar. Se um vírus ataca uma de nossas máquinas em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, um técnico é obrigado a percorrer 800 quilômetros de barco desde Manaus. É melhor atuar de forma auto-sustentável e reverter o que gastamos com manutenção para o próprio curso”, resume a gerente de projeto do Instituto Telemar Samara Werner.

Até o final de abril, os alunos do ensino médio das escolas parceiras poderão se inscrever no site www.projetotelemareducação.com.br. Em um primeiro momento, serão selecionados dois alunos de cada uma das escolas. O curso vai acontecer de maio a novembro, duas vezes por semana, somando um total de 310 horas, metade do tempo em contato virtual com um tutor. “Nosso programa permite a interação entre alunos e professores e o monitoramento de suas dúvidas”, destaca Claudia Stippe, gerente de tecnologia de educação da KlickNet. “Um formador local solucionará eventuais dúvidas e checará se foram feitas corretamente as provas práticas solicitadas, como a instalação de um scanner ou a troca de uma placa de som. Também será oferecido um curso de capacitação voltado especialmente para esses formadores”, diz ela. Logo, cidades como Manari e São Gabriel da Cachoeira estarão prontas, não apenas para a inclusão, mas para a autogestão digital.