Estudar física é uma atividade pouco apreciada pela a maioria dos estudantes brasileiros. A disciplina é vista como o bicho-papão do currículo escolar. Por esse motivo o interesse em estudá-la é cada vez menor e pode ser percebido até nos vestibulares. Enquanto a preferência por cursos como medicina e publicidade varia de 34 a 70 candidatos por vaga, os de física não ultrapassam a 6 por vaga, de acordo com o último exame da Universidade de São Paulo. Preocupada com o futuro da disciplina, a Associação Paulista de Professores de Física (Aprofi) criou ano passado a Olimpíada Paulista de Física, um concurso que premia estudantes da quinta e oitava séries do ensino fundamental e do ensino médio que se interessam pela disciplina. O concurso é composto de duas provas eliminatórias, uma teórica e outra que envolve cálculos e raciocínio, programadas
para setembro e novembro. Na primeira edição da competição, recebemos nove mil inscrições. Este ano queremos motivar professores e alunos
para duplicar este número. Com certeza, sairão daí futuros talentos
para a carreira científica e tecnológica”, explica o professor Ozimar Pereira, diretor da Aprofi.

Segundo ele, um dos motivos que faz da física uma matéria temida é a formação inadequada dos professores e a falta de estrutura das escolas. A maioria dos mestres é formada em Matemática. Além disso, a falta de laboratórios para aulas práticas fortalece essa imagem, aponta Pereira. Por esse motivo a Aprofi disponibilizou na Internet um material de apoio para professores e alunos. São questões de provas que foram aplicadas na olimpíada anterior. Há também experiências simples que podem ser feitas até em casa e que explicam algumas teorias, explica Pereira. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas até o dia 30 de agosto no
site www.aprofi.org.br. Professores e os alunos finalista serão premiados.

Gilson Nascimento Maia, de 18 anos, vencedor do ano passado, ganhou uma viagem ao Reino Unido, com todas as despesas pagas, e um curso de inglês em Cambridge, oferecido pelo Conselho Britânico. Ele também conheceu o Trinity College, onde o físico Isaac Newton realizava suas pesquisas. Tive a oportunidade de conhecer estudantes do mundo inteiro. Foi uma experiência muito interessante, comemora ele. Aluno bolsista do colégio São Marcos, de Mogi das Cruzes (SP), ele sempre mostrou interesse pela disciplina. Comecei a gostar de física porque o meu professor ensinava de forma diferente. As aulas não se resumiam a fórmulas e teorias, eram aulas criativas, lembra Gilson que está no primeiro ano do curso de engenharia aeronáutica no Instituto
Tecnológico da Aeronáutica (ITA).

No ano passado, ele também disputou a versão internacional do concurso, realizado na Turquia, depois de se classificar entre os 40 melhores do Brasil na Olimpíada Brasileira, organizada pelo Sociedade Brasileira de Física. Isso não quer dizer que passo 24 horas do dia estudando. Tenho uma vida normal como qualquer jovem. Para chegar aqui a ajuda do meu professor foi fundamental, revela. O desafio rende muito mais que viagens e prestígio. A olimpíada mexe com os estudantes. É estimulante. A maioria dos participantes entra em universidades públicas", conta o professor Ozimar Pereira. "E não precisa ser um gênio, basta gostar de estudar e não ter medo de arriscar.