Ex-aluno de Harvard, o repórter Richard Shenkman tornou-se figura popular na televisão americana ao rechaçar verdades da história e desmistificar feitos heróicos, sempre cercado de boas fontes. Em As mais famosas lendas, mitos e mentiras da história do mundo (Prestígio editorial, 208 págs., R$ 29,90), ele recorreu a mais de uma centena de livros de historiadores do porte de Peter Gay e Eric Hobsbawn. Assim, em capítulos como Idade das trevas – ou: por que não devemos mais chamá-la assim e Adoráveis (e outras nem tanto) pessoas famosas – ou: se você aprendeu na escola, não deve ser verdade, o jornalista vai desmontando verdades cravadas como definitivas. Shenkman afirma que esse negócio de trevas é discutível. O ensino clássico não acabou na porção oriental do império romano. Superstições são datadas de antes e as queimas de bruxas surgiram depois. Monges católicos, tidos como guardiães da cultura antiga, na verdade eram ignorantes, analfabetos, e os poucos que podiam escrever desprezavam os textos do passado. Então, o ideal é chamar o período apenas de Idade Média.

Sobre pessoas famosas, o autor esclarece – ou refresca a memória de muitos –, dizendo que Cleópatra era grega, não egípcia, e não usava franja; Catarina, a Grande, não era russa, mas alemã; e Ghandi gostava de guerra e foi voluntário em três delas. Tantos equívocos, na opinião do jornalista, foram culpa de Hollywood. Mas muitos famosos adquiriram fama de carona. Maria Antonieta não teria proferido: “Se o povo não tem pão, que coma brioches.” Esta é uma frase apócrifa recolhida por Rousseau. Não contente, Richard Shenkman resolveu ir mais além nos seus comentários. Para ele, a Bíblia é um livro inventado, incorreto e mal traduzido.