16/08/2002 - 10:00
Uma das bandeiras mais vistosas e vibrantes desta campanha para presidente, empunhada por todos os candidatos, é a que anuncia a retomada e o incremento das exportações. Está nos discursos de Lula, Ciro, Serra e Garotinho. Na teoria, conseguindo tal proeza, a produção da indústria nacional sobe, o número de postos de trabalho aumenta e também amplia-se o mercado interno. Hoje o Brasil tem algumas ilhas de excelência na exportação. São setores em que o investimento em recursos, criatividade e coragem resultou no domínio da tecnologia e na consequente competitividade num mercado internacional cada vez mais complexo e problemático. É o caso da indústria de aviões. Estamos entre as principais áreas de produção aeronáutica do mundo, ao lado dos EUA, Canadá e alguns poucos países da Europa. E a menina dos olhos da exportação de aeronaves brasileiras é a Embraer. Ela é a quarta maior fabricante de aviões comerciais do mundo e tem uma previsão de colocar 400 aeronaves na China nos próximos dez anos. Este sucesso lhe traz, naturalmente, problemas inerentes à competição. A sua guerra com a canadense Bombardier, por exemplo, já ganhou manchetes nos jornais internacionais, em um jogo no qual os canadenses abusaram dos golpes baixos. Normal.
Aqui no Brasil, ela, associada aos franceses da Dassault com o Mirage 2000-5Br, foi a preferida pelos técnicos que julgaram os cinco consórcios internacionais interessados em reequipar a Força Aérea Brasileira no Projeto FX. A Embraer/Dassault foi o consórcio preferido, entre outros motivos, por transferir tecnologia. A transferência de tecnologia vai criar empregos e fortalecer ainda mais a empresa na guerra do mercado externo.
Mas tudo indica que agora os golpes baixos contra a Embraer estão vindo de seus próprios companheiros. O que não é normal. Apesar de brasileira, apesar de ser uma de nossas pontas-de-lança em exportações, apesar de ter apresentado o projeto considerado mais adequado pela comissão de julgamento, ela está perdendo para o consórcio sueco e inglês com o aval americano e com o dinheiro do FMI como barganha.
E, se for realmente esta a decisão final, vai ser difícil conter a vontade de invadir o campo e xingar o juiz.