28/06/2006 - 10:00
A última reunião anual da Comissão Internacional da Baleia (CIB), realizada na semana passada no Caribe, não poderia ter sido mais politicamente incorreta para os ambientalistas que lutam pela preservação do maior mamífero do planeta – a maioria dos participantes manifestou-se a favor de sua caça. “É surpreendente e assustador”, diz o ministro britânico de Assuntos Marinhos, Ben Bradshaw. Desde 1946, quando foi criada a CIB, discute-se o destino das baleias. Quatro décadas se passaram até que em 1986 fechou-se a questão e suspendeu-se a caça comercial com o argumento de que a espécie estava em extinção e era preciso pôr ordem na indústria baleeira. Tal ordenamento na verdade nunca existiu e o Japão esmerou-se nisso matando anualmente, em média, 600 cetáceos – dois mil deles já foram abatidos somente em 2006. A última reunião da CIB, assim, não foi tão “surpreendente” como a definiu o ministro britânico.
Na reunião, 70 nações com direito a voto travaram um embate. Japão, Noruega, Islândia e pequenos países como Barbuda, Togo e Granadinas lideram o bloco contra as baleias. A favor de seu conservacionismo estão principalmente o Brasil, a Austrália, os EUA e o Reino Unido. O Japão ganhou o duelo e fez aprovar a Declaração de São Cristóvão e Névis que trata a proibição como algo “desnecessário”, usando como argumento a necessidade de diminuir e equilibrar o número de baleias porque elas também têm o seu lado vilão – agem como predadoras de outros peixes e igualmente ameaçam outras espécies. Para o vice-comissário do Brasil na CIB, José Truda Palazzo Jr., é uma “bobagem alegar que elas estão comendo peixe demais para daí liberar a sua caça”.
O Japão anunciou imediatamente o reinício da caça (na verdade nunca a interrompeu), só que agora se valendo das brechas da própria CIB – entre elas a que permite a captura para fins científicos. Esse programa de pesquisa japonês, no entanto, é questionado por governos de diversos países que enxergam nele apenas um pretexto para a venda comercial de baleias. Eles lembram que, em junho de 2005, a rede de fast-food japonesa Lucky Pierrot causou polêmica e indignação dos ambientalistas ao lançar um hambúrguer de baleia minke (as mais caçadas do mundo). Com direito a alface e maionese.