28/06/2006 - 10:00
Eles estão cada vez menores e mais complexos. Os telefones celulares, que antes serviam apenas para fazer e atender chamadas, viraram um verdadeiro centro de comunicações na palma da mão. Enviar torpedos e e-mails, navegar na internet, escrever textos, curtir músicas e programas de rádio e televisão são apenas algumas das novas possibilidades oferecidas pelos aparelhos de última geração. Tudo isso só é possível graças à convergência tecnológica, que permite a união de vários aparelhos numa só engenhoca. É um fenômeno tão poderoso que chegou agora às próprias empresas do setor.
Na segunda-feira 19, nasceu a Nokia Siemens Networks, uma sociedade da finlandesa Nokia com a alemã Siemens para disputar o bilionário negócio por trás da chamada convergência: os equipamentos de infra-estrutura para as redes de telecomunicações. Cada uma das sócias terá 50% da nova empresa, para a qual destacaram suas unidades de negócio relativas a produtos fixos e móveis. O presidente será Simon Beresford-Wylie, executivo da Nokia. A novata já nasce gigante, com receitas estimadas em US$ 20 bilhões anuais, valor de mercado de US$ 25 bilhões a US$ 31 bilhões e 60 mil funcionários. Será a quarta maior do setor de redes de telecomunicações e irá concorrer com as poderosas Cisco, Alcatel-Lucent e Ericsson.
Como sempre acontece nessas transações, uma parte dos trabalhadores será demitida. A expectativa é de cortes de seis mil a nove mil empregos nos próximos quatro anos. A economia de custos com o casamento foi estimada em US$ 1,8 bilhão por ano. “Seria muita ingenuidade pensar que numa fusão deste tamanho não haja potencial de otimização”, afirmou o presidente da Siemens no Brasil, Adilson Pinto. Aqui, a divisão de infra-estrutura da Siemens tem cerca de 2.500 funcionários na fábrica de Curitiba. A Nokia do Brasil tem uma presença diferente, mais voltada à importação de equipamentos. Em 2005, a empresa importou US$ 885 milhões. As duas empresas são líderes no mercado brasileiro. A Siemens montou a rede da TIM e a Nokia, a da Claro.
Para o consumidor final, a fusão é muito importante, avalia Dário Dal Piaz, diretor da consultoria K2 Achievements. “Nesse mercado, é preciso ter escala para poder investir em pesquisa e desenvolvimento. A união de duas das principais líderes garante que as redes vão continuar evoluindo e os serviços ficarão cada vez melhores”, afirma. O desafio das companhias é aumentar a velocidade de transmissão de dados pelos celulares. No mundo da convergência tecnológica, a pressa é amiga da perfeição.