O engenheiro aeronáutico Paul Moller, da universidade americana da Califórnia, acaba de concluir o protótipo de um carro que voa. À primeira vista, o automóvel flutuante lembra uma daquelas geringonças conduzidas pelos personagens do desenho animado Corrida Maluca, de Hanna-Barbera, e causaria inveja no Barão Vermelho, o piloto que não desiste de tentar alçar vôo em seu calhambeque equipado com hélice e asas. O skycar M-400 é semelhante a um automóvel, mas foi construído para voar. Moller, o seu criador, aposta que num futuro próximo os céus serão uma opção às congestionadas rodovias de asfalto. Por isso, o carro possui quatro turbinas e tecnologia para decolar como um helicóptero, produzindo um terço menos de barulho.

Esta é a quinta máquina de uma série produzida pela equipe do engenheiro. O modelo anterior, com estrutura arredondada, era semelhante à nave usada nos desenhos futuristas da família Jetsons. A aerodinâmica circular não ofereceu estabilidade: num teste realizado em 1989, a aeronave decolou, chegou a atingir 16 metros de altura, mas perdeu a estabilidade e para pousar foi necessária a ajuda de um pára-quedas.

O protótipo do carro dos céus ainda está em fase experimental e se beneficiou do surgimento de novos materiais que lhe permitiram ser mais leve do que um automóvel comum. Feito com fibras de alumínio e de carbono, o batcarro pesa uma tonelada, o mesmo que um Corsa 1.0, e é mais leve do que um avião monomotor.

A corrente de ar formada dentro das turbinas funciona como o leme de um barco, orientando a direção do carro. Os circuitos internos da turbina são como canos que redirecionam o fluxo de ar. Quando a corrente de ar flui na horizontal, o carro desliza. Para decolar, suas turbinas precisam receber um fluxo de ar de baixo para cima. O sistema de controle da direção do vento no interior das turbinas é monitorado por sensores ligados ao computador de bordo.

O automóvel voador segue o mesmo princípio dos jatos de guerra britânico Sea Harrier. A idéia brotou da necessidade militar, já que era preciso eliminar as pistas de decolagem para que os porta-aviões fossem menores e escapassem aos radares inimigos. O maior defeito do carro voador, segundo apontam os críticos, é seu alto consumo de combustível. A força de propulsão para o carro decolar exigirá a queima de grande quantidade de óleo. Como o automóvel de Moller não possui asas para planar e tampouco hélice ou autonomia para sustentar seu vôo, ele depende exclusivamente das turbinas para passear entre as nuvens. O batcarro pode ultrapassar a velocidade de 560 km/h, é pouco maior do que um carro de passeio, tem seis metros de comprimento, três metros de largura e dois de altura. Seu motor de 960 cavalos também não decepciona e tem potência equivalente à de 16 carros populares. O protótipo do automóvel voador ainda deve levar algum tempo até ganhar as ruas. Continua distante o dia em que se poderá pegar um atalho no céu para fugir do trânsito no asfalto das grandes cidades.