28/06/2006 - 10:00
Uma pergunta não quer calar no Maranhão: quem empurrou o fundo de pensão dos funcionários do governo do Estado, o Fepa, a investir R$ 19 milhões no falido Banco Santos? A discussão é mais um capítulo da briga entre o governador José Reinaldo Tavares, do PSB, e a senadora e ex-governadora Roseana Sarney, do PFL. O governo do Maranhão e o fundo de pensão entraram na Justiça para reaver o dinheiro aplicado, que foi engolido no processo de liquidação do Banco Santos. Em São Paulo, o assunto está sendo investigado pelo procurador-geral de Justiça Raimundo Nonato de Carvalho Filho. Em São Luís, o deputado estadual Julião Amin, do PDT, pede uma CPI na Assembléia Legislativa para apurar o caso. O que se sabe até o momento é que houve uma operação triangular: o fundo de pensão aplicou os R$ 19 milhões (que renderam e viraram R$ 21 milhões) no Banco da Amazônia (Basa) e este, por sua vez, resolveu terceirizar o investimento numa aplicação no Banco Santos. A decisão de fazer a transferência teria sido de Evandro Bessa, diretor de controle do Basa. O que se pergunta é: quem indicou Bessa para o Basa? Os aliados de José Reinaldo dizem que foi Roseana e seu pai, o senador José Sarney (PMDB-MA). A senadora Roseana garante que a indicação foi de José Reinaldo. Roseana é candidata a um novo mandato como governadora do Maranhão. E José Reinaldo apóia a candidatura do ex-presidente do STJ, Edson Vidigal.
Com a intervenção federal no Banco Santos, apenas R$ 2,9 milhões ficaram disponíveis para resgate. Iniciou-se, então, uma batalha judicial para reaver o dinheiro, sob a alegação de que o governo nada sabia dessa triangulação. Isso, porém, é o que o Ministério Público e a provável CPI estadual querem mesmo saber.
“Não parece ter sido por acaso que esse dinheiro foi parar no Banco Santos”, comenta o deputado Aderson Lago, do PSDB. “As ligações entre a família Sarney e Edemar Cid Ferreira, o presidente do Banco Santos, são públicas e notórias, e quem indicou Evandro Bessa para o Basa foram os Sarney”, completa. A mulher de Cid Ferreira, Márcia, é filha do ex-senador Alexandre Costa, já morto, e amiga de infância de Roseana. “Essa aplicação não foi feita no meu governo”, lembra Roseana. “Eu não tenho nenhuma relação com o Bessa nem sou responsável pela sua indicação.” Nessa história já se sabe o nome do mordomo. Resta saber quem é o patrão.