Um dos candidatos com maior favoritismo em todo o País, o ex-ministro José Serra está saindo da sombra. A partir da vantagem que as pesquisas para o governo de São Paulo lhe garantem. Os números lhe sorriem. Com 52% das intenções de voto de acordo com a última pesquisa Ibope, muito à frente de Aloizio Mercadante, 15%, e do novo postulante ao cargo Orestes Quércia, 9%. No momento, ele acaba de definir o primeiro escalão de sua equipe de campanha, escolheu a estratégia para lidar com as provocações dos adversários e até encontrou o eixo principal de seu programa de governo. Mas é justamente dentro de seu próprio ninho que Serra enfrenta uma questão de urgência. No PSDB paulista, todos, do porteiro ao presidente, desejam ocupar a cobiçada vaga de candidato a vice-governador. A lista chega quase a uma dezena de nomes, cada um deles acompanhado de seu padrinho de peso.

Concorrem à indicação o presidente estadual do PSDB, Sidney Beraldo, os deputado federais Alberto Goldman e Arnaldo Madeira, Walter Feldman e o ex-ministro Paulo Renato de Souza. Ainda sem contar com o aval do ex-presidente Fernando Henrique, Serra está em duvida entre Madeira e Paulo Renato. O nome de Goldman vem crescendo nos últimos dias.

A temperatura da pré-campanha não tem alterado a discreta atitude de Serra. Ele nem tem dado resposta às provocações disparadas por seu adversário do PT, o senador Aloizio Mercadante, que o acusa de se omitir dos debates sobre os problemas do Estado, em especial a crise da segurança pública desencadeada pela rebelião do PCC. “No que depender de mim, farei uma campanha limpa, propositiva. Mas o adversário é que no fundo determina as regras do jogo”, disse Serra a ISTOÉ. O ex-prefeito parece mesmo disposto a não entrar em divididas. Quando perguntado qual é o seu plano de governo, afirma convicto que seu objetivo é dar continuidade aos projetos do ex-governador Geraldo Alckimin, com ênfase na conclusão do Rodoanel. “É uma obra imprescindível para o desenvolvimento do Estado. Vamos tocá-la até o final”, garante. O ex-prefeito finaliza os acertos para a composição da equipe de campanha. A maioria dos nomes já foi definida. A coordenação geral está a cargo de José Henrique Lobo, seu ex-assessor direto na prefeitura da capital. Para a coordenação política foi indicado o ex-diretor da imprensa oficial do Estado Hubbert Alquéries. A tesouraria ficará sob a supervisão do ex-ministro da Justiça de FHC José Gregori. Caberá a ele estabelecer o teto de gastos da campanha, que em São Paulo será conjunta com a de Geraldo Alckmin para a Presidência.

Ao que tudo indica, o teto será alto. Tanto quanto os vôos do bimotor King Air que o partido fretou para Serra nos seus deslocamentos para o interior. Com ele o candidato já visitou mais de 20 cidades definidas pelo PSDB como sede de regiões. São os maiores e mais influentes colégios eleitorais do Estado. Nessas viagens, o ex-prefeito é acompanhado pelo presidente estadual do partido, Sidney Beraldo, e pelo secretário-geral do diretório estadual e coordenador político do interior, Evandro Luiz Losacco. Fora do corpo partidário, Serra prepara o físico para a campanha. Trocou a acupuntura de 2002 pela esteira ergométrica. Passa horas no novo brinquedinho. “Eu estou em boa forma física. Isso me garante muito tempo pela frente”, afirma Serra, num claro recado ao governador mineiro Aécio Neves, seu provável adversário na disputa interna tucana pela Presidência em 2010. Serra parece que tem pressa para chegar ao Palácio dos Bandeirantes. E, pelo seus cálculos, a distância até lá parece cada vez menor.