21/06/2006 - 10:00
Diversão, cultura ou terapia? A música é isso e muito mais. Uma pesquisa da Fundação Cleveland Clinic, nos Estados Unidos, revelou que as canções aliviam a dor crônica. O estudo comparou por uma semana dois grupos de 30 pacientes com o sintoma. “Os que ouviram música uma hora por dia tiveram uma redução de 20% na percepção da dor. Os outros subiram 2% na escala de dor”, disse a ISTOÉ Sandra Siedlecki, co-autora da pesquisa. Ela registrou também a melhora de manifestações ligadas à depressão, um dos males associados ao convívio com a dor crônica. “E tanto faz o tipo de música que você ouve, desde que goste”, explica Sandra.
Por resultados como esse, a relação entre a música e a medicina é tema de interesse crescente. Há duas semanas, por exemplo, cientistas da Santa Casa
de São Paulo anunciaram os resultados de um estudo que envolveu as composições do austríaco Wolfgang Amadeus Mozart e pacientes com glaucoma, doença que pode levar à cegueira. “Ouvir dez minutos de Mozart antes do exame diagnóstico permite uma avaliação mais precisa da progressão da doença”,
explica o oftalmologista Carmo Mandia, um dos membros da equipe que assina
o trabalho publicado no British Journal of Ophtalmology e liderado pela médica
e musicista Vanessa Macedo. Neste caso, os benefícios advêm do relaxamento,
que facilita os reflexos.
Porém os pesquisadores acreditam que há outros processos que colaboram para a melhora da performance. “A música interfere no sistema que regula as emoções. E já se sabe que o estado emocional está ligado à percepção da dor”, afirma o neuropediatra Luiz Celso Vilanova, da Universidade Federal de São Paulo.