05/12/2002 - 10:00
Testify, com Phil Collins (Warner Music) – Sempre que muda de estado civil, o “Robin Williams do rock” sofre uma crise de hiperatividade. Foi assim quando Phil Collins se separou, na virada dos anos 80, iniciando carreira solo ao mesmo tempo que transformava seu grupo, o Genesis, em fenômeno pop. Tem sido assim desde que casou e se tornou pai
na virada do milênio. Entre seus inúmeros feitos, Collins acumulou,
em uma só tacada, o Grammy, o Oscar e o Globo de Ouro com as canções do desenho animado Tarzan. Neste CD, o primeiro desde
Dance into the light, de 1996, o cantor, que já foi baterista e hoje só manipula teclados, constrói novamente temas de empatia imediata. Ouvem-se ecos dos Beatles de Baby you’re a rich man em Swing low,
um pouco do Police de Sincronicity em Driving me crazy, o blablablá-
te-amo de sempre na música-tema, e por aí vai. Phil Collins é reconhecidamente uma das pessoas mais decentes do ambiente
artístico. Deve ser por isso que Raul Seixas dizia que o rock é filho
da maldade. (Luiz Chagas) Ouça com atenção
Life on other planets, com Supergrass (EMI) – Da capa de design psicodélico à sonoridade setentista das 12 ótimas faixas, este quarto
CD do trio inglês Supergrass tem tudo para agradar aos desencantados com os descaminhos do rock atual. Sem se limitar a fazer barulho com atitude estudada, o grupo comandado pelo vocalista Gaz Coombes esbanja balanço e energia em canções que ficam melhores a cada nova audição. Quem preferia a fase glam de David Bowie, por exemplo, vai adorar Rush hour soul, atravessada por teclados antigos, e Grace, com suas guitarras afiadas e vocais debochados. Em Seen the light, a referência é o glitter rock do T. Rex, de Marc Bolan, simulado em todas as nuances de voz. E para fechar o disco com toda elegância, o Supergrass evoca os Beatles em Run, soando sempre como Supergrass,
o que não é pouco. (Ivan Cláudio) Ouça sem parar