Não existe nada menos recomendável que aquele
tipo de filme infantil em que
a criançada não pára quieta
na poltrona do cinema, obrigando
os pais a desviar a atenção da
tela para ficar de olho na correria
de seus pimpolhos. Felizmente, Stuart Little 2 (Stuart Little 2, Estados Unidos, 2002), em cartaz nacional na sexta-feira 6, fica
a léguas desta categoria
odiosa. Repetindo a bem-sucedida fórmula da primeira aventura do
adorável ratinho branco, o filme de Rob Minkoff, de O rei leão, tem
cacife para divertir crianças e adultos, nem que, no caso, a graça
seja provocada por situações completamente diversas.

Em sua nova aparição, o charmoso roedor veste camisa da Seleção Brasileira e vai para a escola todo dia dirigindo um conversível vermelho, privilégio invejável para qualquer baixinho, pelo menos até se ficar sabendo que nenhum garoto aceita fazer-lhe companhia no final da
aula. Sua volta solitária para casa, driblando pernas nas calçadas
de Manhattan, é embalada pelo antigo sucesso de Gilbert O’Sullivan, Alone again, momento de júbilo para o público quarentão.

Mais tarde, apaixonado por Margalo, uma sedutora fêmea de canarinho adocicada pela voz de Melanie Griffith – onde já se viu um rato se apaixonar por um canário?, pergunta o adulto –, Stuart tem chance de mostrar o herói que é, ao libertar a amada das garras de um falcão-bandido. Numa das cenas íntimas do par interespécies, eles assistem a Um corpo que cai, de Alfred Hitchcock, ótima referência cinéfila. Mas os pais que caírem na tentação de explicar aos filhos a semelhança entre Margalo e a personagem de Kim Novak – duas loiras falsas – definitivamente esqueceram o prazer de ser criança por duas horas.