Parque da Vaca Brava, Goiânia
(GO), 7h45. Rita Jacob e Cláudia
Gomes fazem os últimos
alongamentos antes de assumirem
os volantes de seus carros. Cláudia
tem uma L200 Sport e Rita, uma
L200 Savana, veículos com tração nas quatro rodas concebidos para vencer desafios. Em comum, uma serpente naja tatuada em rena no braço e a paixão pela pilotagem. Rita é diretora da União Educacional de Brasília (UneB), instituição que possui duas faculdades, uma delas coordenada por Cláudia. Quarentonas, as duas tiveram, no ano passado, sua primeira experiência em um rali Mitsubishi Outdoor, competição que exige dos concorrentes destreza ao volante, tática e habilidade para cumprir uma gincana repleta de atividades culturais e esportes de aventura. Com a infalível sorte dos principiantes, a Equipe Naja arrematou, na ocasião, o segundo lugar e nunca mais deixou de competir. “Até troquei minha Pajero por uma Savana por ser mais robusta”, conta Rita, acompanhada pelo filho Henrique na função de navegador (que lê os mapas e indica o caminho).

No sábado 3, Rita e Cláudia foram a Goiânia disputar com outras 19 equipes um lugar no pódio. Cada equipe é formada por dois carros e até dez integrantes. “Tem gente que compra um veículo 4X4 e nunca teve oportunidade de usar a tração traseira. Criamos os ralis para que nossos clientes experimentem os recursos disponíveis”, conta a diretora de projetos especiais da Mitsubishi, Corinna Souza Ramos. “Outra proposta do Mitsubishi Outdoor é permitir que eles curtam um dia ao ar livre com a família, algo impossível nos ralis tradicionais”, justifica. A marca japonesa promove também o Mitsubishi Cup – rali de velocidade no qual o objetivo é cumprir o trajeto no menor tempo – e o Mitsubishi MotorSports – rali de regularidade e precisão vencido pela equipe que passar pelo maior número de postos de controle sem adiantar ou atrasar um décimo de segundo sequer em relação aos horários estabelecidos. Essas duas modalidades são cada vez mais comuns no País.

No rali-gincana da Mitsubishi, as famílias são motivadas também pelo mistério que ronda a localização da prova e a lista de tarefas. Um mapa com as estradas a serem percorridas e os locais das atividades é distribuído apenas meia hora antes da largada. “O objetivo é realizar o maior número de provas privilegiando as que valem mais, de modo a conquistar muitos pontos em um intervalo de cinco horas”, resume Eduardo Gualberto, que trocou a profissão de médico pela organização dos ralis. “Semanas antes, percorremos a região procurando rios e morros que possam servir para as atividades e concebemos as tarefas”, conta. A etapa de Goiânia, realizada na semana passada, conciliou bóia-cross – esporte que consiste em descer corredeiras sobre uma grande bóia – e tarefas de meio ambiente, como transportar no veículo um balde com alevinos (filhotes de peixes).

Pouco depois das 9 h, as equipes aproveitam os últimos minutos antes da
largada para traçar estratégias. Mais do que força, vale o pensamento tático: qual
o melhor trajeto? Como fazer mais pontos? Nessa hora, até a intuição é aliada,
já que os participantes não sabem exatamente o que deverá ser feito em cada
prova. Algumas se revelam enormes micos. Os 221 pontos concedidos para quem cumprir a atividade Bufalo Bill – encontrar uma bandeira num descampado, seguindo uma espécie de mapa do tesouro –, por exemplo, não compensam os 40 minutos gastos. É mais compensador arrematar 213 pontos percorrendo um trecho de mountain bike.

Depois de quase cinco horas de ansiedade e adrenalina, é hora de arriscar uma última prova ou se dirigir à reta de chegada. A equipe Earthquake decidiu realizar o percurso de bóia-cross. Por causa disso, acabou terminando a prova 14 minutos depois do tempo regulamentar. Mas ninguém se importou. “Valeu a diversão. Fazer as provas é o que dá sentido ao rali. Se quiséssemos ficar o tempo todo no carro, faríamos outro tipo de prova”, diz Fabiana Perrone, namorada do piloto Rafael Menescal. Ao final da competição, o pódio foi ocupado pela Naja, em terceiro lugar, pelos gaúchos da família Petzinger, em segundo, e pela equipe Rivera Jundiaí, do interior paulista, em primeiro. Para os campeões, a diferença se nota na alma. “Ralis de velocidade e de regularidade são muito tensos e provocam brigas. Daqui, saímos calmos e descansados”, diz o piloto José Cavalcanti, pronto para a próxima etapa.