A audácia dos traficantes
que exploram sexualmente
meninas e adolescentes está longe de encontrar limites. Em 5 de junho, ISTOÉ divulgou em reportagem de capa os detalhes do funcionamento do tráfico de garotas brasileiras aliciadas para trabalhar em boates da Venezuela e da Bolívia. Passados dois meses, pouca coisa mudou. Segundo Luiz Estrella, fiscal do Ministério da Agricultura na fronteira do Brasil com a Venezuela, o tráfico de meninas continua funcionando a pleno
vapor na região. Mudança para valer só aconteceu mesmo na vida daqueles que denunciaram. Um grupo de jornalistas, conselheiros tutelares e representantes de entidades de defesa da criança e dos direitos humanos está sendo ameaçado de morte por uma rede desses traficantes que atua em Boa Vista (RO) e em Manaus (AM). “Na semana passada, após me deterem em frente de casa, em Boa Vista, dois pistoleiros apertaram duas vezes o gatilho de um revólver, sem bala, sob a minha cabeça. Avisaram que na próxima vez não faltariam balas. Fugi para Manaus, mas o carro que foi me buscar no aeroporto também foi seguido”, afirmou o ex-presidente do Conselho Tutelar de Boa Vista, Antônio Leandro Fernandez, que está sendo incluído no Programa Nacional de Proteção às Testemunhas. Personagem da reportagem de ISTOÉ, Leandro diz saber até quem são seus perseguidores: Laudi de Almeida Júnior e Lisandro Icassati, sobrinhos de Leonor Icassati, conhecida cafetina de Boa Vista, já indiciada por tráfico de meninas, exploração sexual e falsificação de documentos. Também estão sendo ameaçados o conselheiro tutelar em Boa Vista, Jorge Silva, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia do Amazonas, a jornalista Gisele Vaz, do SBT de Manaus, a assistente social de Guajará-Mirim, Isabel Costa, e a delegada titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente de Manaus, Maria das Graças.