Uma das imagens dos atentados de 11 de setembro que mais marcaram o cantor e compositor americano Bruce Springsteen foi a visão que ele teve de Nova York sem as torres gêmeas, ao se dirigir de carro para a cidade, vindo do Estado vizinho, Nova Jersey, onde mora. “Como todo mundo, passei aquele dia em frente à tevê vendo as torres desmoronando, mas só caí na real quando peguei a ponte que liga Nova Jersey à ilha de Manhattan e vi que não havia nada onde o WTC ficava”, disse Springsteen ao jornal Los Angeles Times. Marcado pelo trauma, dias após a tragédia o roqueiro de 52 anos compôs a balada Empty sky, uma das faixas mais emblemáticas de The rising, seu primeiro álbum com material inédito em sete anos. Além desta canção, mais 12 das 15 faixas tratam do tema. “Não quis falar literalmente do que aconteceu, mas das emoções que ficaram no ar”, afirmou The Boss, apelido de Springsteen.

A primeira das músicas compostas foi Into the fire, um emocionado blues rural em homenagem aos bombeiros mortos, no qual lamenta a ausência de alguém que “desapareceu na fumaça”. Na mesma clave, uma mulher “com poeira nos sapatos e lágrimas nos olhos” chora pelo marido na balada You’re missing, com belo arranjo de piano e cordas. Não se trata, contudo, de um disco demasiadamente deprê. Há lugar para a habitual overdose de testosterona em rocks para multidões, aliás a parte mais fraca de The rising. Novamente reunido ao grupo E Street Band, Springsteen se mostra bem melhor nas luminosas Let’s be friends (skin to skin), com pitadas soul, e Waiting on a sunny day, que lembra o hit Hungry heart, canção de sua grande fase de roqueiro ingênuo.