02/08/2002 - 10:00
Quem não gostaria de exterminar a celulite? As malditas covinhas perseguem mulheres no mundo todo e não poupam nem mesmo Gisele Bündchen, que já assumiu sofrer do mal. É por causa desse vasto mercado que a indústria cosmética não mede esforços para criar cremes que amenizem os sinais. Há duas novidades, porém, que se apresentam como soluções mais felizes, pois agiriam na raiz do problema. São de marcas luxuosas, com preços mais do que salgados. Um deles é o Ligne Pure, da Yves Saint Laurent. O produto é exaltado pelo fabricante porque quebra a gordura e bloqueia sua síntese. Seria capaz de reduzir o armazenamento da gordura nas células do tecido subcutâneo. Outra novidade é o D-Stock, da Vichy. A empresa garante que o creme impede a captura de glicose (açúcar). Acumulada, ela aumenta o tamanho da célula e empurra os tecidos, ondulando a pele.
Os médicos, contudo, estão descrentes. “As explicações têm lógica, mas é preciso analisar os resultados clínicos”, avalia Ricardo Fenelon, dermatologista de Brasília. Para Valcinir Bedin, dirigente da Sociedade Brasileira de Medicina Estética, produtos como esses não têm efeito excepcional. “Eles propõem ações interessantes, mas são cosméticos. Se fizessem tudo que prometem, seriam remédios”, diz. A dermatologista paulista Mônica Fiszbaum lembra que para chegar à raiz do mal deve-se passar por várias camadas. “Isso é muito difícil para um creme”, afirma. Para Luciana Conrado, dermatologista de São Paulo, muitos produtos são testados apenas in vitro, sem reproduzir exatamente as condições da pele. Joaquim de Mesquita, do setor de cirurgia dermatológica da Santa Casa do Rio de Janeiro, é menos crítico: “Temos de testar os cremes. Sem isso, não dá para garantir que não funcionam.” Mas uma coisa é certa. Mesmo que o efeito não seja devastador, se as mulheres conseguirem igualar as celulites às de Gisele, não precisam de mais nada. Nada mesmo.