31/05/2006 - 10:00
O escritor neozelandês Michael Baigent, 58 anos, autodidata em história e psicologia, tem um livro antigo consagrado como best-seller e um livro novo que também está se consagrando como tal nos EUA. O primeiro é Santo Graal e a linhagem sagrada, o recém-lançado chama-se The Jesus papers (Os manuscritos de Jesus). Baigent foi à Justiça britânica alegando que outro best-seller, O código Da Vinci, de Dan Brown, é plágio de sua obra. “O código Da Vinci foi inspirado em meus livros e em minhas pesquisas, ele é meu”, diz Baigent. Ele perdeu em primeira instância mas insiste no processo em tribunais superiores. Enquanto aguarda o julgamento final, pega carona na polêmica e estrondosa divulgação do filme homônimo que está em cartaz para divulgar os seus estudos e, sobretudo, o seu novo livro. E prega o ecumenismo entre diversas religiões.
ISTOÉ – Em Os manuscritos de Jesus, o sr. diz que ele foi
dono de terras. Por quê?
Michael Baigent – Há um documento, traduzido no final do século XIX,
que diz isso. Mas não posso me basear nele pois não consigo encontrá-lo.
O meu trabalho como historiador é levantar hipóteses.
ISTOÉ – Se tivesse escrito sobre Maomé, a sua cabeça estaria
sob a ameaça de uma espada?
Baigent – Não acho que a maioria dos muçulmanos, dos israelitas,
dos cristãos e de outras crenças seja radical.
ISTOÉ – Por que há então conflito religioso?
Baigent – O que ocorre é que as religiões estão sendo tomadas por
pessoas que estão nas bordas radicais. São eles os causadores de
conflitos. Nosso desafio é encontrar uma união.
ISTOÉ – O sr. não acha que seus livros colocam mais
combustível na fogueira?
Baigent – Olho o Jesus histórico nas entrelinhas da teologia. Se
examinarmos mais profundamente a história, encontramos um
homem, um grande professor e teólogo com idéias compatíveis
com o judaísmo, o islamismo e o cristianismo.
ISTOÉ – Quais foram as fontes de estudo para essa nova obra?
Baigent – Não se pode ter certeza absoluta de coisa alguma. Eu não
estive nas Cruzadas, não estive no ato da crucificação, ninguém sabe
o que aconteceu realmente.
ISTOÉ – E como trabalha o historiador?
Baigent – O que um historiador pode fazer é criar cenários plausíveis,
hipóteses para explicar pequenas informações.
ISTOÉ – Dê um exemplo.
Baigent – Seria mais plausível que um homem judeu fosse casado?
Sim. E eu acho que Jesus se casou com Maria Madalena. Jesus não
perdoou os pecados da Maria arrependida? O que isso significa? Que
seu passado passou a ser irrelevante.
ISTOÉ – O sr. foi plagiado?
Baigent – Inspiraram-se nos meus trabalhos.