31/05/2006 - 10:00
Quando Harley Earl, um dos executivos da General Motors, apresentou nos EUA o projeto do Buick Y-Job em 1938, foi chamado escancaradamente de maluco – o carro tinha tantas inovações que seria impossível fabricá-lo. Cinco anos mais tarde, o automóvel virava sensação de mercado. Desde então, montadoras e projetistas formam uma parceria inabalável.
Agora, dois brasileiros acabam
de entrar no seleto e exigente
clube daqueles que “pensam” automóveis, sendo que atualmente o design perde em interesse para a descoberta de meios de locomoção não poluentes. Essa é a palavra de ordem na indústria automobilística. Foi assim que o paulista Gustavo Guerra e o carioca Carlos Eduardo de Carvalho saíram aclamados do Michelin Challenge Design, competição internacional que escolhe anualmente 20 projetos que ditarão as regras para as fabricantes.
“A tendência que se consolida é a do carro ecologicamente correto”, diz Guerra, 23 anos, que projetou o Bus H2, um ônibus movido a pilha de hidrogênio gasoso. “As pilhas de hidrogênio gasoso são um combustível limpo e deixam o veículo mais leve”, diz o desenhista industrial Carvalho, 24 anos. Ele apresentou o projeto Grip, um carro esportivo, mas que se adapta a qualquer terreno. Um sistema eletrônico dotado de um computador principal comanda as esteiras de borracha que envolvem os pneus sem ar. Quando o piloto dá o comando interno de freio, circuitos eletrônicos mandam uma mensagem para as esteiras e uma segunda roda é rebaixada, tornando a frenagem mais precisa. Montadoras francesas e a japonesa Toyota já se interessaram pelo sistema criado por Carvalho.
Hoje, os traços futuristas lançados
nas feiras desse setor não levam
mais de um ano para ser vistos nas concessionárias. O 407 Coupé (da Peugeot), o Clio Sport (da Renault) e os C4 e C5 (da Citroën) são alguns dos que saíram das pranchetas em pouco tempo. No início deste ano, a Audi apresentou o projeto Roadjet Concept. De acordo com ele, os próximos modelos vão se comunicar entre si. Se houver, por exemplo, um acidente numa rodovia, um automóvel “avisa” o outro automaticamente – esse sistema chama-se car-to-car. As primeiras unidades serão vendidas nos EUA em janeiro de 2007.