O quadro que emerge das últimas pesquisas
de opinião sinaliza uma disputa quase decidida
para as eleições de outubro próximo. O presidente
Lula não aparece apenas como franco favorito. Ele
impõe uma derrota fragorosa a seus adversários,
com mais do dobro do número de votos, e habilita-se
a levar a vitória já no primeiro turno. Afaste a temporada
da Copa do Mundo, que deve colocar todos os eleitores em estado de anestesia política até o último apito.
Releve os efeitos retardatários do caudaloso mar de escândalos envolvendo membros do governo – esses efeitos já são notoriamente insuficientes diante da imagem mitificada de Lula. Por fim, calcule que, depois
da temporada de eventos paralelos, o País alcança agosto e estará a pouco mais de dois meses das urnas. O tempo será exíguo. Mesmo a entrada em cena da televisão e do rádio como instrumentos de campanha será um fator insuficiente para ganhar tanto terreno diante dos mais de 20 pontos de margem abertos pelo presidente. Especialistas apontam que agora só uma “hecatombe nuclear”, com poderes de neutralização eleitoral acima da média, poderá virar o cenário. Se Lula atravessou incólume o ataque e a queda de todos os participantes do seu “núcleo duro” do poder, se foi capaz de avançar sem arranhões após ser apontado pelo Ministério Público como “principal beneficiário” de armações de uma quadrilha, o que mais poderá afetá-lo? Os adversários discutem, sem encontrar respostas, como desconstruir sua imagem e sua popularidade. No campo econômico, salvo pequenos sustos aqui e ali, até o ambiente internacional colabora. A data da declaração do “fico” do presidente se aproxima e já não restam dúvidas de que ele optou por um segundo mandato. Com o encolhimento da candidatura Alckmin, a estratégia derradeira contra a versão dois do governo Lula sustenta-se numa eventual terceira via, com um novo candidato emergindo dos acertos partidários que ainda estão por finalizar. O PMDB – que pode fazer história resgatando sua força política com uma candidatura própria – joga a cartada decisiva na convenção marcada para daqui a algumas semanas. Vai optar entre influenciar ou não nesse tabuleiro com a noção de que sua escolha será o fiel da balança para um lado ou para o outro. Sem o PMDB como adversário, todos já disseram, Lula é imbatível