Os repórteres Ricardo Miranda e Renato Velasco, da sucursal carioca de ISTOÉ, mergulharam em um lado muito pouco charmoso do Rio de Janeiro. Eles atravessaram madrugadas entrevistando e fotografando os moradores de rua da cidade. E tiveram uma surpresa. Ao contrário do esperado, os bêbados e mendigos encontrados foram minoria. O que
mais viram foi gente como Edilton Teteo da Silva, um carioca de 30 anos que dorme embaixo da marquise do prédio da sede da Confederação Nacional do Comércio, no centro. Edilton, que posou para a câmera de Velasco, mostrando, com orgulho, sua carteira de trabalho assinada, é técnico em eletrônica de uma loja na avenida Rio Branco, onde ganha R$ 350 mensais. Para a ONG Médicos Sem Fronteiras, que atua no Rio, a grande maioria dos moradores de rua é formada por pessoas que têm algum tipo de emprego. Como Joanir Braga Medeiros, que não possui carteira, mas trabalha fazendo carretos e dorme na própria carroça, com a mulher e o filho de pouco mais de um ano. “Meu sonho? Tirar meu filho da rua”, disse aos repórteres, sem pestanejar.

A preocupação com os filhos também é o tema da reportagem de capa que foi produzida por Carla Gullo, Celina Côrtes, Juliane Zaché, Ana Carvalho e Madi Rodrigues. E essa preocupação veio drasticamente à tona depois que Suzane von Richthofen, uma jovem que nunca morou na rua, planejou e participou do bárbaro assassinato de seus pais, com quem vivia num charmoso bairro de classe média alta em São Paulo. Um crime que chocou o Brasil e está exigindo profundas reflexões.