Unir artistas e cientistas é um
bom caminho para fomentar descobertas inovadoras. Na semana passada, uma equipe que se vale
dessa combinação anunciou, nos Estados Unidos, a criação de uma máquina de visão para auxiliar pessoas com sérias deficiências visuais. O grupo é formado pela poeta Elizabeth Goldring, ligada ao Centro de Estudos Visuais Avançados do Massachusetts Institute of Technology (MIT), cega de um olho e com visão abaixo do normal em outro, pelo cientista Robert Webb, da Universidade de Harvard, e por estudantes, com apoio financeiro da agência espacial americana, a Nasa. Eles se juntaram a partir de uma idéia de Elizabeth inspirada num exame para diagnosticar áreas saudáveis da retina, em que raios laser são emitidos para projetar imagens sobre essa estrutura dos olhos em pessoas com deficiência. Nos casos em que há células sensíveis e em boas condições na retina, eles conseguiram ver as imagens. Submetida ao teste, a poeta animou-se com os resultados e, com o grupo, criou um equipamento menor e mais barato com a intenção de usá-lo em casa. A máquina da visão, como é chamada por ela, reúne um computador, um projetor e um joystick para se mover no espaço virtual. A luz é captada e levada até a retina do deficiente visual, de onde é enviada ao cérebro para ser processada e finalmente transformada na imagem.

Nos testes piloto, com dez pessoas, os deficientes visuais viram imagens de pinturas. Pacientes com danos graves na retina tiveram, no entanto, dificuldade de enxergar. O protótipo ainda será aprimorado, mas é um passo importante. Representa um avanço no combate à visão subnormal, que aflige entre 5% e 7% da população mundial. “Mesmo com as melhores lentes convencionais, a pessoa não consegue dirigir ou ler, entre outras atividades”, explica o oftalmologista paulista Eduardo Minelli, especialista em retina. Para melhorar a visão desses indivíduos, a medicina atual tem lentes de aumento poderosas, telelupas e scanners conectados a televisores. “Quando vier, essa máquina será mais um recurso. Por enquanto, as esperanças estão voltadas para as próteses de retina, que devem chegar entre cinco e dez anos”, diz Minelli. A torcida é forte.