O medo da inflação
A estrela da sorte de Lula realmente está brilhando. O relator da Comissão de Orçamento do Congresso, senador Sérgio Machado (PMDB-CE), por acaso é um lulista. Como toda a cúpula do PMDB, iniciou a campanha eleitoral apoiando José Serra, mas, ao contrário de seus colegas, logo abandonou o tucano (e vice-versa) e embarcou na campanha presidencial de Lula. Machado já havia sido designado relator do Orçamento antes das eleições. Agora está fazendo tudo para ajudar o PT. Mas ele faz um alerta sobre o grande problema do momento: “O debate imediato sobre o futuro do Brasil vai além do combate à fome. É preciso atacar rapidamente a inflação. Nos primeiros 15 dias de novembro, a inflação já dobrou em relação a outubro. Ela já estava em alta com a simples expectativa da eleição de Lula. A prioridade agora é evitar que, nesses quase dois meses que faltam para o novo governo, a curva da inflação se consolide.” O senador está em contato constante com o chamado núcleo duro do PT – José Dirceu, Antônio Palocci e Luiz Gushiken. Portanto, esta não deve ser uma preocupação somente dele.

Quando os opostos se aproximam

O presidente do PT, José Dirceu, convidou o presidente do PFL, Jorge Bornhausen, para um encontro na semana que vem. Os dois se odeiam e se amam. Se odeiam desde que Dirceu acusou o PFL de ser “um partido de narcotraficantes”. Se amam desde que começaram a negociar o aumento de verbas para os fundos partidários. Marcaram encontro num telefonema cordial, no qual Dirceu prometeu a Bornhausen que o governo petista não cooptará parlamentares do PFL. Por conta disso, Bornhausen, antes um oposicionista radical, pode aceitar um oposicionismo moderado.

Sabotagem

É grande a desconfiança no PT de que a equipe econômica do atual governo, antes tão preocupada com medidas de combate à inflação, esteja agora soltando as amarras de propósito. Seria a melhor forma de proporcionar a Lula um início de governo tumultuadíssimo.

Campanha

Em campanha para presidente do Senado e correndo atrás do apoio
do PT, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) está comemorando a aprovação da MP da Anistia Política. É que ele foi relator do texto
final. E um dos maiores beneficiados, com bela pensão, é o presidente
do PT, o poderosíssimo José Dirceu.

De olho

O ministro da Casa Civil, Pedro Parente, que deixará o governo para assumir a vice-presidência da RBS, no Rio Grande do Sul, recebeu no Palácio do Planalto, na segunda-feira 11, o governador gaúcho Olívio Dutra. E ficou surpreso com o que viu na lapela do petista: “Ué, pensei que fosse a estrelinha do PT… Mas é o escudo do Internacional! Seu time está quase rebaixado, governador.” Resposta de Olívio: “Sou colorado e vou com ele até o fim, ministro”.

Dedo na tomada

Brilha no PT do Amapá um clone de Ronivon Santiago: o deputado do PPB do Acre cassado e preso dias atrás por compra de votos. Hélio Esteves, eleito deputado federal com a quarta maior votação do Estado, vai ser julgado semana que vem pela Justiça Eleitoral e pode ser cassado. Os promotores Manoel Pastana e Celso Três denunciam a compra de eleitores por R$ 15 e a promessa de luz elétrica pelo então presidente da Companhia de Eletricidade do Amapá, o engenheiro Hélio Esteves.

Rápidas

Tasso Jereissati encontrou-se com o governador de São Paulo,
Geraldo Alckmin. Motivo da reunião: o tucano cearense está em campanha para presidente do PSDB.

Tito Riff e Wagner Victer confirmados no secretariado da futura governadora do Rio, Rosinha Garotinho. Eram os nomes que seu
marido indicaria para o ministério de Lula.

Orestes Quércia anda preocupadíssimo com a crise na Globopar.
É que até agora não recebeu R$ 28 milhões da família Marinho
pela venda do Diário de S.Paulo.

Sarney reuniu-se em sua casa de Brasília, na quarta-feira 13,
com caciques do PMDB do Brasil inteiro. Convocarão uma convenção
para derrubar a atual cúpula do partido.