Nos primeiros momentos da corrida presidencial, logo depois de a concorrente Roseana Sarney ter sido alijada da liderança e da disputa, abalroada irremediavelmente pela dinheirama encontrada em sua empresa, foi dito aqui que o candidato Ciro Gomes teria sua vez no pelotão de frente desta corrida maluca pela sucessão à cadeira do presidente Fernando Henrique Cardoso. E essa hora chegou. A pesquisa ISTOÉ/Toledo & Associados que publicamos nesta edição mostra o candidato da Frente Trabalhista
com 34,3%, contra 33,6% de Luiz Inácio Lula da Silva. Tecnicamente empatados – a margem de erro é de 1,8% –, mas com Ciro ocupando pela primeira vez a liderança.

Faltando dois meses para a eleição, os obstáculos aumentam. Apesar da liderança, Ciro Gomes perdeu o coordenador nacional de sua campanha, José Carlos Martinez, o líder do PTB que recebeu US$ 8 milhões emprestados do ex-caixa de campanha de Collor, PC Farias, e pediu tempo para se explicar. Seu vice, o Paulinho da Força Sindical, também está no meio de turbulências. Entre os vários sacolejos, o mais recente é a acusação de que um auxiliar seu estaria tentando comprar o silêncio de antigos desafetos com polpudas ofertas de dinheiro em seu nome.
Por sua vez, Lula, segundo o sociólogo Francisco José de Toledo, está pagando o pedágio de Santo André. Ferida mal curada dos petistas, a morte do prefeito Celso Daniel, ex-coordenador de campanha, está cobrando sua parte.

Enquanto isso, Serra desaba ainda mais. Se em junho tinha 23,3%, agora despencou para 13,8%. Garotinho também caiu na pesquisa da Toledo: foi de 10,5% para 9%. E é para ficar atento, porque os obstáculos e as turbulências vão continuar.