Existem várias versões para a origem do Dia do Trabalho. Em uma delas, o 1º de Maio foi instituído como Dia Internacional do Trabalho durante um congresso do Partido Socialista em Paris, no final do século XIX. Segundo essa versão, a data foi criada para homenagear trabalhadores ferroviários americanos que participaram de uma greve em Chicago, em 1893. Os Estados Unidos passavam por grave recessão, e a empresa Pullman, que fabricava vagões-dormitório, demitiu centenas de empregados e cortou o salário dos remanescentes. Os ferroviários entraram em greve e foram violentamente reprimidos pelas tropas federais do presidente Grover Cleveland. Apesar dos muitos mortos e feridos, a greve se espalhou pelo país e só terminou no ano seguinte, no dia 3 de agosto de 1894.

Passados mais de 100 anos, o Dia do Trabalho ainda é comemorado. Hoje, a globalização, a recessão e a automação reduzem implacavelmente os postos de trabalho. E, por isso, em vez de comemorar é melhor buscar concretamente soluções para algo que já está muito ruim e pode ficar ainda pior. O Brasil não tem os 30% de desempregados como a Argentina, mas tem 7,1%. Mais que os 6,5% que tínhamos em 2001.

Aproveitando-se da data, a capa desta edição de ISTOÉ homenageia o trabalhador brasileiro. Heróis da persistência conta a história de brasileiros e brasileiras exemplares que ousaram desafiar a miséria e as estatísticas. O texto é assinado pela nossa editora de Economia, Célia Chaim. Profissional brilhante, no sentido mais amplo da palavra, ela própria é um raro exemplo de persistência e resistência.

Célia nasceu em Avaré, interior paulista, fez jornalismo na Cásper Líbero em São Paulo e já passou pelas melhores publicações do Brasil. Se sua especialidade atual é economia, sua preocupação maior é o ser humano, o que a leva muito além dos números e das estatísticas. E isso pode ser aferido na reportagem que começa à pág. 60. Com sensibilidade e criatividade, os personagens foram retratados por João Primo, editor de fotografia de ISTOÉ.