Quando pisar no Brasil para sua quarta visita ao País, na segunda-feira 15, o americano James C. Hunter estará completando 86 semanas na lista nacional de best sellers com os livros O monge e o executivo e Como se tornar um líder servidor. O sucesso de suas obras entre os brasileiros é enorme. Os dois livros já venderam 950 mil exemplares. Qualquer conferência de Hunter atrai grande público e filas de autógrafos. É quase um pop star. Com a autoridade de quem tem seus métodos aplicados por corporações como Microsoft, Southwest Airlines, Nestlé e a força aérea americana, Hunter diz que o conceito do líder servidor que divulga em suas obras pode também ser aplicado à vida pessoal.

ISTOÉ – Qual a principal mensagem dos livros?
Hunter –
Nós todos deixamos nossa marca nas pessoas, boa ou ruim.
Todos podemos ser líderes. A questão é saber se as pessoas estão satisfeitas conosco. As grandes organizações americanas já entenderam que somos
todos líderes, mesmo com diferentes responsabilidades. A mensagem é: temos
que servir as pessoas.

ISTOÉ – O que é necessário para ser um bom líder?
Hunter –
Ter bom caráter, agir de forma correta com as pessoas, identificar suas necessidades e fazer o melhor para as empresas, a família e os negócios.

ISTOÉ – Qual a personalidade ideal para ser um líder?
Hunter –
Liderança não tem a ver com personalidade. Pessoas com
personalidades diferentes podem fazer esse papel. Também não tem a
ver com estilo, mas com conteúdo.

ISTOÉ – Em tempos de competição tão selvagem, essa idéia
de líder-servidor é assimilada?
Hunter –
Não há lugar tão competitivo como os Estados Unidos – e aqui algumas das empresas de maior sucesso praticam a liderança servidora. O conceito não tem nada a ver com dizer: “Ok, vocês podem passar por cima de mim.” A Southwest Airlines, por exemplo, aplica esses conceitos. E tem 25 mil empregados.

ISTOÉ – Como conciliar a idéia de servidor com a busca por bons resultados?
Hunter –
Digamos que eu sou seu chefe há cinco anos. Será que conseguirei
um desempenho melhor se maltratar você e não prestar atenção no seu trabalho,
se disser a você coisas ruins? Não seria melhor se, em vez disso, eu me preocupasse com suas necessidades e com o seu crescimento? Esta última
parece ser a melhor opção.

ISTOÉ – O público brasileiro tem particularidades em relação aos outros?
Hunter –
Sim. Pelo lado positivo, aprecio a paixão que vejo nos brasileiros. Sempre que estou no País, tento entender esse amor pela vida. Aprecio como realmente gostaram do livro. Há 20 anos vocês viviam sob uma ditadura e estão reaprendendo uma nova forma de liderança. É uma época muito excitante. Vocês estão crescendo e amadurecendo rapidamente, são agora um agente global.

ISTOÉ – Mas o que falta aos nossos líderes?
Hunter –
A parte que precisa ser mais bem trabalhada é o fato de existirem muitas pessoas com títulos e cargos que pensam sempre ser melhor que as outras. Gente que diz: “Eu sou o chefe, você não.” Vi vários deles no Brasil. Isso também ocorreu nos EUA, mas a realidade mudou há 20 anos.