17/04/2002 - 10:00
Os brasileiros que forem à Copa do Mundo de 2002 poderão aproveitar para conhecer o Japão. O país irá sediar os jogos junto com a Coréia do Sul e, caso a Seleção se classifique, poderá receber o Brasil para a segunda fase, a partir do dia 17 de junho. O Japão encanta os visitantes por retratar um paradoxo. Ao mesmo tempo que a modernidade é vista nos arranha-céus de aço escovado, é possível sentir a tradição deste povo ao assistir a uma cerimônia do chá verde, bebida muito consumida pelos japoneses. A nação da sociedade tecnológica e arcaica aprendeu a fazer carros como os americanos e móveis semelhantes aos italianos. Agora aprende a jogar bola. Por enquanto, a pouco mais de dois meses e meio desta etapa, o clima de Copa ainda está morno. Às vezes encontram-se detalhes, como uma menção da Copa na lata de Coca-Cola, no leque estilo japonês ou na isolada bola por trás de uma vitrine.
Mas isso não significa que os orientais estejam fazendo pouco caso do assunto. “Eles apenas não dão tanto valor ao futebol quanto os brasileiros”, explica o guia turístico Antônio Yanamoto, descendente de japonês que mora em Tóquio. Mas todos os ingressos para os jogos já foram vendidos. Os organizadores do evento investiram US$ 25 milhões em segurança nos estádios localizados em dez cidades japonesas próximas a Tóquio. Para a primeira Copa do Mundo na Ásia (Coréia e Japão) são esperados 700 mil torcedores do planeta, sendo 1.500 brasileiros. O número é baixo devido ao alto custo de vida no Japão e, claro, à má fase da Seleção Brasileira.
Só para dar uma idéia dos preços, em Tóquio um Big Mac com fritas e refrigerante sai por R$ 15, enquanto no Brasil pagam-se R$ 5 pela mesma pedida. Nos estádios da Copa, um cachorro-quente valerá quase R$ 10. Mesmo com os preços exorbitantes, quem estiver com a carteira cheia não pode deixar de conferir os mistérios desta sociedade hospitaleira e impenetrável.
O ideal é começar pela capital, Tóquio. Apesar de não sediar nenhum jogo, passear pelos principais bairros é diversão garantida. Entre os mais famosos está Ginza, com suas caríssimas lojas. Por isso, se o seu objetivo for fazer compras, o ideal é olhar as tendências de moda em Ginza e aproveitar para admirar os jogos de luzes dos prédios à noite. Deixe para gastar no bairro Asakusa. Além de os preços serem mais em conta, encontram-se produtos típicos. Bonecas de madeira, cartões de origami, bolsas em estilo japonês, entre outros artigos. É bom levar dinheiro, pois a maioria das lojas deste bairro não aceita cartões de crédito. Também dá para visitar no local o templo budista Asakusa Kannon.
Em outro bairro, Shibuya-ku, é interessante visitar o templo xintoísta Meiji Shrine. É lá que os pais levam os bebês para iniciá-los na religião. Se mesmo depois de meditar e refletir nos templos você não resistir à tentação de comprar, vá para Akihabara, o movimentado bairro dos eletrônicos.
Movimento também é possível ver nos distritos de Shinjuku e Shibuya. Aquelas imagens de multidões atravessando os sinais são tiradas destes bairros. Dá para admirar várias gueixas andando nas ruas. Também é impressionante reparar que em uma parte do bairro Shinjuku encontram-se respeitáveis restaurantes e na outra, casas de massagem e strip-tease e motéis baratos. Uma visita à região pode servir para desvendar uma face pouco conhecida da moderna sociedade japonesa.
Boquinha – Se depois de tanto bater perna der aquela fome, não se preocupe. Se você não gostar de comida japonesa, tudo bem. Há vários restaurantes italianos com deliciosas massas, chineses, tailandeses e cafeterias. Dá para fazer uma boquinha até mesmo dentro das enormes estações de trem e de metrô, também repletas de restaurantes e padarias. Em algumas encontra-se… pão de queijo – herança dos nisseis que foram para lá.
Sempre que for fazer um pedido, não tenha pressa. Lembre-se que está no país onde reina a paciência oriental. A maioria não fala inglês, somente nos hotéis. Porém, eles são muito educados e solícitos. Há uma explicação para isso. O povo oriental faz de tudo para viver em harmonia com o grupo e ajudar o outro. O respeito ao próximo é tão grande que, mesmo quase metade da população tendo celular, todos são mantidos em modo vibratório. Dentro dos trens o único ruído que se escuta vem dos trilhos. Durante a viagem, os japoneses dormem ou brincam com jogos do celular. Você pode derrubar uma bandeja cheia de xícaras no local que ninguém irá olhar para você.
Se quiser ter uma vista panorâmica desta sociedade avançada, vá à Torre de Tóquio e admire a paisagem. Também não deixe de conferir outras atrações, como o Jardim Leste do Palácio Imperial, o Parque Ueno, o boêmio bairro Roppongi e os hotéis cápsulas – pequenas caixas de plástico empilhadas.
Depois de conhecer Tóquio, tome o trem-bala (shinkansen), que chega a mais de 300 quilômetros por hora, e vá passear em algumas cidades onde acontecerão os jogos. Em Shizuoka, por exemplo, fica o monte Fuji, o impávido símbolo do Japão, com 3.776 metros de altura. No inverno, o Fuji-san, como é conhecido pelos japoneses, tem seu cume coberto de neve. No verão, época em que a Copa do Mundo estará em andamento, o monte é aberto ao público. Ao descê-lo, faça um passeio de barco pelo lago Ashi.
Já para chegar em Yokohama, pegue o trem. A segunda maior cidade japonesa sediará no estádio de Yokohama a final da Copa. É o maior estádio do Japão com capacidade de comportar 70 mil torcedores. Aproveite para visitar na cidade a Landmark Tower Sky Garden, o prédio mais alto do país. Ele tem 296 metros de altura e 69 andares. Do topo é possível ver em dias claros o centro de Tóquio e o monte Fuji.
Também vale a pena pegar o trem-bala e visitar as cidades de Nara e Kyoto, repletas de templos. Com certeza, quem tiver a oportunidade de conhecer o país de escrita tão complicada e talheres tão simples não irá se arrepender. Como os próprios japoneses dizem, será hirashaimassê (bem-vindo!).