Os estragos causados pela mais espetacular e mais desastrada invasão do MST vão muito além do mobiliário, dos charutos e da adega da fazenda do presidente da República. Para as eleições presidenciais – este grande espetáculo de mídia atualmente em cartaz, que vamos ter de aguentar até outubro próximo –, as imagens dos militantes do MST refestelados nos sofás de dona Ruth tiveram impacto semelhante aos R$ 1,34 milhão, em pacotes de notas de R$ 50, encontrados nos domínios da candidata Roseana. E, apesar de os dirigentes do PT terem condenado as baixarias na casa do presidente, eles acabaram não sendo suficientemente rápidos. Na realidade, foram lentos. O ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira, antecipou-se com agilidade de gato e declarou aos microfones do grande show: “Foi um ato nitidamente político-eleitoral. É o MST trabalhando como braço do PT.”

Se as cenas protagonizadas pelo pessoal do MST dentro da casa
do presidente foram chocantes, a falta de policiamento na porta
da fazenda foi, no mínimo, intrigante. A propriedade de Buritis é alvo do MST desde 1999, e já foram várias as tentativas de invasão.
Os invasores estavam sendo intensamente monitorados pela Abin,
a agência de inteligência oficial. E, por último, o governo também sabe, e tem até estatísticas, que o pico das ações do MST acontece nos meses de março e abril. Junte-se a isso os métodos pouco ortodoxos usados como preparatórios para a apreensão do dinheiro
da Lunus – a empresa de Roseana – e chega-se ao que membros do governo rotulam, com desdém, de “teorias conspiratórias”. Mas o que não se pode negar é que dois fortes concorrentes do candidato
governista estão se sentindo como se tivessem sido atingidos
por um rolo compressor.

Como disse o senador Jefferson Perez, do PDT do Amazonas, a repórteres do jornal O Globo, sobre a obra do MST: “Foi um ato de grande estupidez política. A não ser que seja algo de muita inteligência do governo…”