03/04/2002 - 10:00
Interessados em desvendar as novidades da indústria da beleza, mais de 40 mil cabeleireiros, maquiadores e demais profissionais da vaidade foram conferir a primeira Hair Brasil, Feira Internacional de Beleza, Cabelos e Estética que aconteceu de 23 a 26 de março no Transamérica Expo Center, em São Paulo. O evento, surpreendente para sua primeira edição, custou R$ 4 milhões aos organizadores e promete virar uma espécie de São Paulo Fashion Week do setor de cabelos. A partir de agora, os cabeleireiros mais descolados deverão lançar e espiar as principais tendências a cada edição anual da feira. Em sua estréia, a Hair Brasil apresentou shows de cortes e tinturas com as equipes de feras internacionais como Vidal Sassoon e Toni&Guy, promoveu concursos entre 140 especialistas brasileiros e lançou dezenas de produtos para finalização de penteados. Eram ao todo oito mil metros quadrados e 83 expositores de peso como Wella, TIGI, KMS, Graham Webb e Schwarzkopf. A julgar pelos modelos apresentados, o cabelo da estação será desfiado, cheio de franjas assimétricas, pastas de modelar e muito, muito colorido.
Na apresentação das madeixas européias, o estilo apareceu com força total. Christopher Vargas, diretor nacional de criatividade da equipe de Toni&Guy, respeitada escola de beleza londrina, explica o visual: “É uma releitura do punk dos anos 80, adaptada aos avanços tecnológicos dos produtos de finalização”, diz. Trocando em miúdos, o que ele quer dizer é que cortes repicados, erguidos ou escorridos na testa e cheios de cera, pomadas e sprays prometem fazer a cabeça dos moderninhos de plantão. O cabeleireiro Luciano Cassolari, do salão paulista L’Officiel III, aposta na tendência desde novembro, quando esteve em Londres para conferir as novidades. Para ele, a vinda de feras como Vargas é positiva para todos os salões do País. “Os cabeleireiros que não têm oportunidade de sair do Brasil ficam sabendo do que rola lá fora. Quanto mais gabaritada for a concorrência, melhor”, analisa. De fato, a competitividade sempre demonstrou render bons frutos. Mas nos Estados Unidos, país da competição e do capitalismo, a qualidade e a disputa dos profissionais não têm gerado grandes resultados. Pelo menos no que diz respeito ao penteado démodé exibido pela cantora Jennifer Lopez na noite do Oscar, os americanos estão deixando a desejar.
“Nada mais ultrapassado do que aquele ‘visual-laquê’. Ele é exatamente o que não se deve fazer mais: penteados duros, com topetes e sem balanço”, critica Cassolari. Se o cabeleireiro de Jennifer Lopez tivesse dado uma passadinha na Hair Brasil, talvez tivesse poupado a cantora do mico do Oscar. Havia dezenas de novidades para cabelos crespos. A mais interessante delas é o Sixty Second Secret, da Nick Clarke, trazido para o Brasil pela importadora PanAmérica. O produto – à venda nos principais salões de beleza do País a partir da próxima semana – hidrata cabelos crespos ou tingidos em menos de um minuto. No lugar dos velhos laquês, sprays fixadores de longa duração prometem manter o penteado sem deixar o visual duro como o do coque da vovó. Quanto mais esvoaçante, melhor.