09/02/2005 - 10:00
Neste ano, o Carnaval acontece mais cedo que em 2004. E isso é bom porque significa que o ano – o ano para valer mesmo – também começará mais cedo. Com o final da folia, o Brasil entra efetivamente em 2005, ano que promete ser bastante animado, embalado pelo coro da busca pela necessária continuidade do crescimento, passando pelo repetitivo e sempre desafinado refrão da reforma política. Trata-se de uma melodia que exigirá muito rebolado por parte do governo. Mas é uma rara oportunidade para que o PT, partido do presidente Lula, possa mostrar maturidade e habilidade suficientes para empunhar as batutas desse gigantesco bloco verde-amarelo. Aliás, na quinta-feira 10, quando as cinzas estiverem ainda se assentando, o partido da estrela vermelha estará completando 25 anos de existência. Nesse período, como bem ilustra a reportagem desta edição, o PT fez história. Empunhou um ideal de construção da democracia, passou de estilingue a vidraça e está ajustando seu DNA àquele necessário para ocupar o poder. Como aconteceu com os partidos de esquerda na Itália, França e Espanha. E, como em todo crescimento saudável, o PT está aprendendo, num processo de tentativas, erros e acertos, a calibrar o radicalismo e a lidar com as forças antagônicas típicas de uma sociedade pluralista.
Os sinais de que 2005 poderá reservar boas surpresas partiram do próprio presidente. A reportagem da pág. 32 mostra que na semana passada, quando voltava de Davos, a bordo do novo Air Bus, Lula conversou informalmente com os ministros Antônio Palocci e Eunício Oliveira e com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Se o papo foi descontraído, o recado foi forte e é animador. O presidente espera que em 2005 o governo deixe de entoar apenas o discurso da estabilidade econômica a qualquer custo e passe a novos enredos, como casas populares, estradas, ferrovias e outros temas que ecoem empregos, renda e desenvolvimento. Até porque sua reeleição depende disso.