14/10/2009 - 10:00
Quando o empresário Felipe Camarneiro começou a usar a internet, logo no início da década de 1990, ela ainda nem havia chegado ao Brasil e estava longe de ser o que é hoje. Naquela época, Camarneiro tinha de realizar uma chamada telefônica para que seu computador se ligasse ao BBS, uma segunda máquina que agregava alguns modems e conectava um pequeno grupo de pessoas que realizavam
tarefas limitadas, como receber e enviar e-mails. Hoje, aos 33 anos, o empresário passa o tempo todo ligado à rede, seja pelo notebook, seja pelo iPhone. Conseguir se desligar de tudo isso, só mesmo depois das três da manhã. Mas, antes de dormir, Camarneiro deixa o celular tudoem- um em sua cabeceira. É pelo dispositivo móvel que, logo ao acordar, ele checa as suas mensagens, resolve as primeiras pendências, passa tarefas para seus funcionários e atualiza sua agenda. “Estou sempre conectado. Assim me organizo e ganho mais tempo para fazer outras coisas”, conta.
Camarneiro é um dos 60 milhões de brasileiros que navegam pela internet todos os dias. Essa parcela da população passa uma média de 72 horas mensais na rede, o que faz com que o País lidere o ranking mundial de acesso, segundo dados do Ibope/NetRatings. Hoje, no entanto, é difícil estabelecer uma única razão que motive tantas pessoas a consumir, produzir e compartilhar os vários conteúdos que circulam pela web. E a tendência é que fiquemos ainda mais conectados. “Esse comportamento mudou os dispositivos de acesso à rede. Até pouco tempo atrás, o contato era feito a partir de um desktop usado por toda a família. Hoje, muitas pessoas têm o seu próprio notebook e compartilham uma rede sem fio. Ou seja, temos mais mobilidade e privacidade para passarmos mais tempo na web. Além disso, o celular também nos possibilita inúmeras facilidades de acesso com conexão de qualidade. Esse é o aparelho que vai nos manter conectados daqui para a frente”, diz Marco Gomes, diretor de inovação da boo-box, empresa de marketing especializada em redes sociais.
Há tempos o celular passou a ser um aparelho indispensável ao nosso dia a dia. De acordo com os últimos dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), hoje existem 164,5 milhões de aparelhos ativos no Brasil, o que corresponde a uma média de 85,91 linhas para cada 100 habitantes. A tendência é que esse número só aumente, afinal, o dispositivo está cada vez mais integrado à nossa vida. “Não há um eletrônico mais próximo do consumidor do que um celular. Ele agrega todas as funções de outros aparelhos e nos traz a possibilidade real de conectividade em tempo integral”, explica Rodrigo Byrro, diretor de negócios para o Brasil da HTC América Latina. Ele lembra que uma boa conectividade só é possível quando o aparelho oferece um browser – navegador de internet – de qualidade e uma tela que garanta melhor experiência de navegação. Além disso, os aparelhos trazem inúmeros recursos que os transformam em uma central de entretenimento de bolso. Os celulares de última geração já agregam GPS de alta precisão, MP3 player com grande capacidade de armazenamento e câmera com ótima resolução. Mas nenhum desses recursos teria importância se não houvesse a possibilidade de compartilharmos todas as informações que carregamos no dispositivo. Por isso, as empresas estão investindo em softwares que facilitam o acesso às contas de e-mail e sistemas de mensagens instantâneas, além das redes sociais. Assim é possível estar sempre ligado à sua lista de contatos, fazer upload de fotos e vídeos diretamente em sites como YouTube e Facebook, acompanhar as atualizações do Twitter em tempo real e acessar os mais diferentes conteúdos online. Com todas essas possibilidades integradas em um único aparelho, você tem a garantia de que, onde quer que esteja, terá conexão de forma irrestrita a todas as informações de que precisa.
A publicitária Milena Castino Hawkins, por exemplo, não se separa de seus dois celulares e do iPod Touch. Como ela não consegue ficar muito tempo longe da rede, acaba carregando seus dispositivos móveis para onde quer que vá. Milena sabe que, enquanto estiver fora de casa, são eles que poderão lhe oferecer acesso ilimitado ao resto do mundo. “Passo grande parte do tempo conectada e não fico mais de 20 minutos sem checar as coisas que estão acontecendo. Quando saio ou tenho um intervalo no trabalho, procuro um lugar com rede wireless para poder me conectar. Uso mais o iPod Touch, que oferece uma navegação simplificada”, conta.
Há quase dois anos, Milena vive na Inglaterra com o marido, David Hawkins, que conheceu pela internet. Antes de sair do Brasil, a publicitária usava a rede para pesquisar assuntos como moda e literatura. Agora, ela a utiliza para ficar em contato com a família e com os amigos brasileiros, além de compartilhar um pouco da vida que leva em terra estrangeira. “Meu blog tem 300 acessos diários e também colaboro com duas revistas eletrônicas brasileiras, escrevendo sobre as novidades da publicidade. Em termos de redes sociais, hoje faço parte de Orkut, Facebook, Twitter e Linkedin. A verdade é que já não é mais possível escolher um único site de relacionamento. Eu não consigo viver sem atualizar e checar tudo isso. Outro dia fiquei sem internet e já entrei em desespero”, diz.
Milena representa muito bem o brasileiro típico na web. Embora estejamos sempre atrás de informações diferentes, nos comportamos de maneira essencialmente social. Isso significa o que já sabemos há tempos: gostamos de conhecer outras pessoas, de estar perto dos amigos, de estabelecer relações e de compartilhar um pouco de nossas vidas. “No Brasil, 80% dos usuários frequentam mídias sociais”, afirma Marco Gomes. Ele chama atenção para outra conduta bem brasileira: “Por aqui, também trocamos muitas informações sobre consumo. Hoje, pesquisamos opiniões e tentamos ficar por dentro das novidades antes da compra”, completa.
O estudante Fábio Perez considera a internet indispensável para ter acesso às principais informações sobre lançamentos de produtos tecnológicos. Aos 18 anos, ele tenta dividir o seu tempo entre a preparação para o vestibular e a web. Quando está online, atualiza o blog no qual escreve sobre tudo que se relaciona ao iPhone e outros aparelhos, e compartilha conteúdo sobre o assunto com os seus seguidores no Twitter. “É difícil ficar desconectado por muito tempo. Quando isso acontece, começo a ter a sensação de que estou um pouco fora do mundo”, diz o estudante. Não seria exagero dizer que Perez respira informação. “Esse tipo de excesso sempre existiu. Se esse fosse o problema, ficaríamos malucos em uma biblioteca. O segredo está em se organizar para receber tanta informação. É preciso saber usar as ferramentas disponíveis para trazer mais produtividade à nossa vida”, completa Felipe Camarneiro.