14/10/2009 - 10:00
Até pouco tempo atrás, ter acesso a entretenimento de qualidade também significava encarar situações de risco. Era preciso pegar o carro à noite ou em fins de semana movimentados, suportar o trânsito, pagar pelo estacionamento, enfrentar filas quilométricas e limitar-se às opções em cartaz. E não era só isso. A pessoa ainda precisava colocar a mão no bolso e pagar caro por um ingresso de cinema, teatro ou show.
A boa notícia é que a onipresente tecnologia também mudou a forma como nos divertimos. Agora, é possível investir nos mais diversos tipos de aparelhos eletrônicos para levar o entretenimento ao ambiente doméstico. "Uma das coisas mais interessantes oferecidas pelas novas gerações de eletrônicos é que, dentro de casa, não precisamos mais ficar presos unicamente à programação de canais abertos ou pagos. Hoje, por exemplo, já temos tevês que, por meio de entradas USB, se conectam a dispositivos que armazenam fotos, vídeos e músicas. Eles reproduzem tudo isso sem que precisemos fazer ligações e usar cabos especiais" diz o jornalista Henrique Martin, um dos responsáveis pelo blog Zumo, especializado em tecnologia.
Segundo o programador Mateus Linhares, a possibilidade de integrar diferentes eletrônicos a uma única tevê fez com que ele e seus amigos investissem em um aparelho com o maior número de portas de conexão possível. Agora, ela fica ligada a um Playstation 2, um Wii e um XBOX, consoles que foram doados pelos cinco moradores que dividem o apartamento.
A central de entretenimento eletrônico foi montada antes que o imóvel recebesse cama, sofá e geladeira. "Uma das primeiras coisas que providenciamos, logo que nos mudamos, foi um pacote que nos desse acesso à internet e à tevê por assinatura. Agora, conseguimos interligar todos os aparelhos que já reunimos de um jeito que seja possível acessar a web até mesmo pelos videogames. Como usamos uma rede sem fio, eles podem reconhecer os conteúdos que salvamos nos computadores que temos em casa e jogá-los para a tevê, na qual assistimos a tudo com mais qualidade, não importando a mídia em que foram gerados", diz.
Há quem diga que a tendência de integrar cada vez mais os eletrônicos domésticos seja algo irreversível. É o que pensa Fabio Wajngarten, diretor de uma empresa de auditoria. Como passa cerca de 19 horas por dia ligado à programação da tevê, ele precisa ter um aparelho constantemente por perto. Hoje, todos os cômodos da sua casa são equipados com televisores e até seu carro ganhou uma telinha. Mas é na sala de estar que Wajngarten conseguiu reunir um verdadeiro arsenal tecnológico. São três tevês – uma de 60 e outras duas de 32 polegadas -, que formam um grande painel com acesso garantido a diferentes canais simultâneos, dois computadores de última geração, um player de Blu-Ray, um Playstation 3 e um armazenador de dados baixados pela rede com mais de um terabyte de memória.
Além de tudo isso, o auditor contratou dois pacotes de tevê por assinatura e internet, e costuma programar seus aparelhos para que eles gravem todo o conteúdo que não consegue assistir quando está fora de casa ou ocupado.
Em suas viagens ao Exterior, Wajngarten usa seu notebook para se conectar ao Slingbox, equipamento que lhe permite, em qualquer parte do mundo, ter acesso à programação dos canais que tem em sua casa. Tudo isso pela tela do computador. "Abraçamos a tecnologia e a usamos em nosso favor, ou ficamos parados no tempo. Eu procuro pesquisar muito e me atualizar com equipamentos que possam trazer mais conforto ao meu dia a dia.
Hoje tenho acesso à democracia total de plataforma e conteúdo. Para me tirar de casa é preciso oferecer muita coisa em troca", afirma. Para Wajngarten, assim como para qualquer outra pessoa que realmente se interessa por todos esses eletrônicos e sabe agregar valor a eles, o que realmente faz a diferença é a capacidade de simplificar o uso da tecnologia. "Um aparelho eletrônico precisa ser amigável, de fácil utilização. Se ele tem muitas funções, você pode ficar com medo e deixá-lo de lado. Com um controle remoto, consigo controlar mais de 15 equipamentos dentro da minha casa", diz o auditor.
De fato, não adianta mais disponibilizar inúmeras funções e possibilidades se, para que o usuário tire proveito de tudo isso, ele precisa ficar preso a manuais. É importante que esses eletrônicos sejam intuitivos e autoexplicativos, consigam oferecer o máximo de conexões e, principalmente, centralizem recursos da forma mais prática possível. "Essa realidade ficará cada vez mais transparente para o consumidor.
A integração da tecnologia que temos em mãos será intensa a ponto de podermos descartar em definitivo mídias como o CD e o DVD. E isso deve acontecer em breve. Uma tendência lá fora, e que já vem ganhando força no Brasil, é aquilo que ficou conhecido como "sob demanda". Isso significa que você irá baixar ou comprar todo o conteúdo de seu interesse pela internet e transferi-lo para a televisão por meio de uma ligação com o computador.
Além disso, os aparelhos de tevê também poderão se conectar diretamente à web para buscar e armazenar arquivos de filmes, seriados, imagens e músicas, deixando tudo isso disponível para que você possa assistir em algum momento", explica Henrique Martin, do blog Zumo. De acordo com o especialista, esse é o caminho que os eletrônicos devem seguir de agora em diante, oferecendo a possibilidade de assistirmos ao que quisermos, a qualquer hora do dia. A miniaturização e a portabilidade dos equipamentos também só tendem a se intensificar, o que ajudará qualquer usuário a carregar seus arquivos para onde bem entender. A liberdade será a tônica do entretenimento digital do futuro.