14/10/2009 - 10:00
A complacência de autoridades com atos que ferem de maneira gritante o direito do cidadão estabeleceu no País duas classes sociais: a dos que seguem a lei e a dos que atuam na ilegalidade de maneira livre e impune. Nessa segunda categoria, o Movimento dos Sem-Terra (MST) há anos ultrapassa os limites da civilidade e atua na criminalidade sem encontrar nenhuma resistência oficial. Com métodos truculentos, eles invadem terras e propriedades privadas, depredam patrimônios, promovem saques, usam e abusam de toda sorte de arbitrariedades.
A violência dos atos de vandalismo do MST leva a supor que seus agentes se consideram acima do bem e do mal, em nome da bandeira do assentamento que, na verdade, em outras esferas, já vem sendo tratada de maneira muito mais eficaz e justa. Em um esquema profissional que arregimenta cada vez mais adeptos, o MST é movido hoje por interesses diretos dos dirigentes. Eles usam a massa de manobra com aspirações políticas e, em especial, na busca por verbas públicas que, direta ou indiretamente, têm irrigado os ataques.
A organização chegou a ser recebida no Palácio do Planalto, no próprio gabinete do presidente da República, que não se furtou a usar o boné com o emblema do movimento. De cerimônias como essa, os líderes do MST saem fortalecidos para incitar invasões e partem contra quem está no seu caminho. Foi o que aconteceu, mais uma vez, na semana passada com a tomada de uma fazenda do grupo Cutrale, o maior exportador de suco de laranja do mundo. Saldo da operação: sete mil pés de laranja derrubados, R$ 3 milhões de prejuízo e o escárnio para com a sociedade.
O ministro da Justiça, Tarso Genro, por ocasião de outra invasão do MST em Pernambuco, que levou à morte quatro empregados de uma fazenda, chegou a classificar a atuação como mera "tática arrojada". Por ações e omissões do poder constituído diante desses episódios grotescos, o MST segue descontrolado. O pretexto de servir à causa da reforma agrária está gerando excessos perigosos que em algum momento podem virar mote de um conflito social sem precedentes.
Carlos José Marques, diretor editorial