14/10/2009 - 10:00
A invenção de um mun do/ Itaú Cultural, SP/ de 15/10 a 13/12 Visi ón: F(ici ón)/ Centro Cultural São Paulo (CCSP), SP/ até 15/1
O tema é quente e está em discussão desde a invenção da fotografia e do cinema, mas ainda não se esgotou: que fronteiras separam ficção e realidade? Sem estabelecer um consenso, duas exposições em cartaz em São Paulo sustentam posições diversas sobre o quão real – ou testemunhal – é a imagem fotográfica. Os curadores de "A Invenção de um Mundo", organizada em parceria entre o Itaú Cultural e a Maison Européenne de La Photographie, argumentam que o estatuto de veracidade da foto grafia começou a ser questionado a partir dos anos 1960.
"A ideia de uma verdade totalizante, pura e isenta passou a ser repudiada. Vigora, desde então, o pensamento de que todo conhecimento é relativo", escreve Jean-Luc Monterosso, diretor da Maison Européenne de La Photographie, em seu texto curatorial. Já os vídeos selecionados para a mostra "Visión: F(icción)", resultado da colaboração entre o Centro Cultural São Paulo (CCSP), o Instituto Cervantes e o Festival Loop, de Barcelona, apontam para uma permanente relação de correspondência – e não de oposição – entre o fictício e o real. Para o curador espanhol Martí Peran, "a ficção não é um relato alheio à realidade, mas seu próprio desdobramento."
A primeira mostra acredita que a fotografia construída, ou encenada, está a serviço da desconstrução do conceito de "verdade" inerente às imagens técnicas; a segunda argumenta que ficção e realidade são conceitos interdependentes. Ambas concordam, porém, que a ficcionalização é um fenômeno presente na fotografia e no vídeo contemporâneo.
"A Invenção de um Mundo" apresenta 127 obras de 30 artistas do acervo da instituição francesa, entre os quais incluem-se os brasileiros Vik Muniz, Cris Bierrenbach e Vicente de Mello; o catalão Joan Fontcuberta; os franceses Christian Boltanski e Bernard Faucon; e o americano Joel-Peter Witkin. "Vision: F(icción)" mostra dez videoartistas que invocam o teatral para referir-se ao mundo real, entre eles a espanhola Anna Malagrida, que cria uma narrativa a partir do registro de um homem flagrado em uma janela; e a guatemalteca Regina José Galindo, que reencena em performances gravadas os métodos de tortura usados pela CIA na guerra contra o terrorismo.
Estante
Vamos brincar de arte contemporânea?
O OLHO E O LUGAR: REGINA SILVEIRA/ Renata Sant’Anna e Valquíria Prates/ Editora Paulinas/ R$ 43
Falar de arte contemporânea para adultos é um desafio. Para cortar pela raiz o medo e o preconceito que envolvem a arte feita nos dias de hoje, a estratégia é focar o público infantil. É para ele que as educadoras Renata Sant’Anna e Valquíria Prates conceberam a coleção "Arte à Primeira Vista", que aborda os artistas Regina Silveira, Leonilson, Lygia Clark, Anna Bella Geiger, Iberê Camargo e Franz Krajberg.
"O ensino no e fica-se com a impressão de que arte é só pintura. Aí as crianças chegam numa bienal e percebem que faltou alguma coisa para entender tudo aquilo", diz Renata, que enfrenta a tarefa de iniciar pais e professores através dos olhos das crianças. "Elas estão mais abertas, sem conceitos formados." Seu mais recente lançamento é "O Olho e o Lugar", que introduz Regina Silveira, "artista que confunde nossas certezas".