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"Nós, as anchovas, fazemos tudo juntas. Inclusive acasalar, em grandes orgias", diz a atriz italiana Isabella Rossellini, 57 anos, fantasiada de peixe num vídeo que circula pela internet. Dito assim, parece a decadência profissional da ex-modelo premiada pelo desempenho em "Veludo Azul", de David Lynch. Pelo contrário.

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Aproximadamente cinco milhões de pessoas já assistiram a "Green Porno" (ou Pornô Verde), série sobre a vida sexual de insetos e animais marinhos – escrita, dirigida e estrelada pela filha da atriz Ingrid Bergman e do cineasta Roberto Rossellini. Os episódios são exibidos no site do Sundance Channel (braço do festival de cinema independente). Ou seja, os vídeos também são cult.

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A terceira temporada acaba de ser lançada. Na série, Isabella simula o acasalamento de abelhas, minhocas e camarões, sempre com humor e uma certa dose de atrevimento. "Faço sexo várias vezes por dia, em qualquer oportunidade, com qualquer fêmea", explica, rindo para a câmera, enquanto simula relações sexuais com um boneco em forma de mosca. Gigante. "Nunca pensei no que precisaria fazer para manter minha imagem. Apenas faço o que gosto. Às vezes é glamouroso, às vezes, não", afirma a atriz.

Embora cenários e figurinos sejam feitos de papel, para baratear os custos (cada episódio custou cerca de R$ 14 mil), os filminhos têm produção esmerada. Para o artista plástico e cineasta mineiro Cao Guimarães, os episódios estrelados por Isabella não são cinema experimental, nem videoarte – como a própria atriz define.

"Os vídeos são engraçadinhos, mas a arte, por princípio, não tem uma função. Esses curtas têm uma linguagem mais publicitária e, assim, uma função bem clara", afirma Guimarães, referindose à conscientização ambiental que a série tenta estimular.

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Quanto a isso, o biólogo marinho Marcelo Szpilman, diretor do Instituto Ecológico Aqualung, não vê problemas. "A mensagem é objetiva e eficiente em alertar para os danos provocados pela pesca predatória, como no caso dos camarões", argumenta. A série virou livro e DVD, recém-lançados nos Estados Unidos. "Sempre me interessei por animais, mas as pessoas se interessam por sexo. Achei que se falasse sobre o sexo dos animais encontraria meu público", conta Isabella. Dito e feito.