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Qual brasileiro não imaginou estar sentado no banco do carona de um carro guiado por Ayrton Senna? Anote, então, na agenda. Na terçafeira 13, “Ayrton Senna – Uma Lenda a Toda Velocidade: Uma Jornada Interativa” será lançado no Brasil.
Quem tiver a oportunidade de adquirir um dos 18 mil exemplares que, inicialmente, estarão nas prateleiras, chegará ao final da leitura com a sensação de ter sido conduzido pelo próprio biografado por um passeio completo pela vida emocional e profissional daquele que é considerado o maior ídolo do esporte nacional. Esta sensação só é possível graças à divulgação de documentos pessoais inéditos de Senna – muitos deles guardados pela mãe do piloto.

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Eles foram cedidos pela família do tricampeão mundial de F-1 para a publicação do livro, escrito pelo inglês Christopher Hilton, especialista em biografias de pilotos de F-1.
É uma bela edição de capa dura, de 30 cm por 20 cm, que vem em uma caixa (custará R$ 165). A joia da coroa são 13 luxuosos envelopes, que foram espalhados ao longo das 192 páginas do livro. Neles, estão anexadas preciosidades como réplicas idênticas do certificado de batismo de Senna – cujo nome, por um erro do escrivão, foi grafado com “i” e sem o sobrenome famoso – e seu boletim escolar. O material mostra quanto também era acelerada a vida íntima do piloto. “Meu irmão fazia a lição dez minutos antes de o ônibus escolar passar em casa para levá-lo para o colégio. Canhoto e escrevendo às pressas, só Deus para entender a letra dele!”, conta Viviane Senna.

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A publicação celebra uma série de efemérides do piloto. Se estivesse vivo, Senna completaria 50 anos em 2010. Este ano, comemora- se o 20º aniversário de seu segundo título mundial. E faz 15 anos que ele sofreu o acidente fatal na curva Tamburello no Grande Prêmio de San Marino, na Itália. Por conta dessas datas, a família topou revirar o baú para resgatar suas memórias mais profundas. “Não fosse por esse livro, as pessoas não teriam acesso, nessa magnitude, à vida do meu irmão”, diz Viviane, presidente do Instituto Ayrton Senna.

É verdade. No meio de reproduções do brevê de piloto de avião de Senna, de convites para festas comemorativas de vitórias e campeonatos, de credenciais e da foto de uma “Bíblia” sublinhada por ele, encontra-se um boletim da Federação Brasileira de Automobilismo, de outubro de 1978, na qual Senna assina “AASilva”. Sua irmã explica que, no começo da carreira, os ingleses não conseguiam pronunciar corretamente Ayrton e por isso o “Silva” sobressaía.“Eles falavam algo como ‘Êrton’”, conta ela. “Mais curioso é que, quando criança, meu irmão assinava Ayrton S. S.”

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O piloto Ayrton Senna que o mundo passou a conhecer e respeitar pela incrível capacidade de guiar em alta velocidade também é esmiuçado com a divulgação dos cartões que ele trocava com os chefes de equipe. Em um deles, de 1986 – ano em que o brasileiro venceu o Grande Prêmio da Espanha, chegando à frente do inglês Nigel Mansel por apenas 0,014 segundo –, o gerente da escuderia Lotus, Peter Warr, deixa uma mensagem de boas-festas de fim de ano e escreve: “Poupe nossos nervos; conquiste-os com margens folgadas!”

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O material mais raro de Senna são as cartas escritas de próprio punho, segundo sua irmã. “Elas me tocam, porque dizem respeito ao seu mundo interno”, afirma Viviane. Em abril de 1982, o amigo Armando Teixeira recebeu uma carta na qual Senna conta como venceu uma prova da Fórmula 2000, mesmo guiando sem freio por 14 voltas. “… Usei então um traçado diferente, vim mais para o meio da pista tendendo a vir para a parte interna da pista e assim evitei a ultrapassagem”, escreve ele. “Após o final da prova, todo mundo sabia que eu tive problemas durante a corrida e, quando disse que não tinha freio algum, o pessoal achou que estava mentindo, então foram no meu carro e colocaram as mãos nos discos de freio e para a surpresa deles os discos estavam ‘GELADOS’”, completa Senna.

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Foi com peripécias dessa grandeza que Senna fazia os domingos dos brasileiros mais felizes. Ao mostrar sua destreza ao volante, ele entrava na casa das pessoas e se transformava no filho, amigo e irmão que todos gostariam de ter. “Ayrton Senna – Uma Lenda a Toda Velocidade: Uma Jornada Interativa” resgata esse sentimento. Folheá-lo é como relembrar, em um álbum de família, a trajetória de alguém de casa.

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