A cotação dos imóveis em Nova York ultrapassou a estratosfera. E o melhor, sobretudo para quem vende, é que não falta gente disposta a pagar o que se pede por qualquer coisa no mercado imobiliário da cidade. Acompanhe o anúncio: “Por US$ 35, aluguel de colchão suspenso, no espaço entre o hall e o dormitório, acessível por escadas. Lençóis e travesseiro não incluídos”. Estava postado no site americano Craiglist. A vantagem era a excelente localização: o Brooklyn. A peça foi ao ar dias atrás, ao meio-dia. No final da tarde, quase 20 potenciais inquilinos disputavam o espaço. Era apenas uma brincadeira, mas muita gente acreditou. “Não tinha percebido que o colchão era suspenso. Mas não haveria problema. Afinal, é só onde eu deito a minha cabeça”, disse o músico Adam Kriney, um dos interessados.

O preço dos imóveis na Big Apple subiu 50% nos últimos cinco anos. Uma enormidade num país com inflação anual raramente acima dos 3%. Isso ajuda a explicar por que uma construtora pagou recentemente a bagatela de US$ 37 milhões por um pequeno clube apenas para garantir que ele não seja demolido e, em seu lugar, surja um espigão que anule a vista de um de seus prédios de luxo para o Central Park. Na cidade que abriga Wall Street, a Bolsa de Valores mais poderosa do mundo, uma casa pode custar US$ 40 milhões, ou R$ 88 milhões, suficientes para arrematar quase 100 apartamentos de alto padrão num bairro valorizado de São Paulo. E o aluguel mensal de um apartamento nos melhores pontos de Manhattan chega a US$ 25 mil, ou R$ 55 mil, preço de um Fiat Stilo zero equipado no Brasil.

Depois do vendaval dos lofts, a tendência imobiliária na cidade é transformar hotéis e espaços tradicionais em condomínios de luxo. E também neste caso há quem não se importe em desfalcar a conta bancária para adquirir uma parcela de história e charme. Na esquina das ruas 63 e Lexington, o hotel Barbizon, primeira casa de um punhado de estrelas que vieram tentar a vida na cidade – entre elas Liza Minelli, Grace Kelly e Candice Berger –, virou um conjunto residencial. Ali, apartamentos de sala e quarto de 73 metros quadrados saem por US$ 1 milhão (R$ 2,2 milhões). E quem quiser se candidatar a uma de suas coberturas dúplex precisa reservar pelo menos US$ 22 milhões, ou R$ 48,4 milhões. Pensando bem, num lugar onde a terra e as paredes custam tão caro, aluguel mensal a US$ 35 só mesmo de algo que esteja no ar.