15/03/2006 - 10:00
A cerveja, consumida com moderação, pode ser um ótimo coadjuvante nos momentos de prazer. Por isso, é a bebida mais popular no mundo. Mas alguns pesquisadores começam a descobrir que, além de boa companheira no lazer, ela pode conquistar também um lugar na prateleira dos produtos com efeito positivo para a saúde. É o que sugere uma equipe de pesquisadores austríacos que anunciou ter descoberto uma ação antiinflamatória num dos ingredientes essenciais na fabricação da “loira”: a cevada. Esse efeito seria semelhante ao de compostos encontrados no vinho, no suco de uva e nos chás verde e preto.
A ação foi comprovada pelo cientista Dietmar Fuchs, do Departamento de Bioquímica da Faculdade de Medicina da Universidade de Innsbruck. No laboratório, ele testou a ação do sumo de cevada sobre algumas células do sangue humano e concluiu que houve redução de substâncias causadoras de inflamação. A descoberta poderá ajudar no desenvolvimento de remédios para doenças que envolvem processos inflamatórios, como artrite e aterosclerose (depósito de gordura nas artérias e veias). O benefício vale para todos os tipos de cerveja e o efeito medicinal está presente mesmo nas sem álcool. “O mérito é do sumo de cevada. E também há trabalhos mostrando que a fermentação aumenta o poder antiinflamatório”, diz o médico e nutrólogo Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia, especialidade da medicina que trata de problemas nutricionais.
Antes, porém, que os bebedores de plantão corram até o bar mais próximo, fica o aviso dos especialistas (os de saúde, diga-se): as qualidades medicinais do álcool ainda instigam polêmica entre a comunidade médica. Uma parte dos pesquisadores abomina a bebida porque o consumo exagerado causa mais danos do que benefícios à saúde. Outra parte sustenta que o consumo de doses moderadas contribui para a prevenção de doenças cardiovasculares, como o infarto e a isquemia cerebral (falta de irrigação sangüínea no cérebro).
O que é beber com moderação? “Isso varia conforme a quantidade de álcool em cada bebida e o peso corporal da pessoa, mas seria algo em torno de uma a duas doses diárias”, explica Ribas. Em geral, nos estudos científicos, uma dose representa cerca de 13 gramas de álcool. É o equivalente a uma lata de cerveja (350 ml) ou uma taça de vinho (120 ml). E não existe “poupança” nessa história. Tomar todos os copos permitidos numa única noitada não traz benefício algum. Apenas prejuízo. E a ressaca, que nada mais é do que uma resposta do organismo à intoxicação, prova muito bem a tese.